ANIVERSÁRIO

Back to black completa 5 anos nesta quinta-feira (6/10)

Disco que consagrou Amy Winehouse é baseado em uma crise no namoro da cantora. Conheça outros álbuns feitos em meio a separações.

Do JC Online
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Publicado em 06/10/2011 às 6:55
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“Eu chorei por você no chão da cozinha”, canta Amy Winehouse na faixa You know I’m no good do disco Back to black (2006), seu aclamado segundo álbum de estúdio, que nesta quinta-feira (6) completa cinco anos de lançamento. O disco mais vendido do século no Reino Unido foi composto em meio a uma crise no conturbado relacionamento da britânica com o produtor musical Blake Fielder-Civil e não esconde o caráter autobiográfico de suas letras, claramente dedicadas ao fim do romance. A cantora se permitiu até fazer referências diretas ao seu então namorado (em 2007, eles oficializaram a união que chegou ao fim com o divórcio em 2009). Em Some unholy war, dentre afirmações de que faria tudo por seu homem, ela diz: “B, eu teria morrido também”.

Cada uma das composições conta uma fase do namoro, repleto de idas e vindas, brigas e capas escandalosas de tabloides que noticiavam abusos de drogas e traições mútuas. Em Tears dry on their own, por exemplo, a cantora fala que não consegue lidar bem com o relacionamento aberto que ela e Blake resolveram assumir, diante do desgaste da relação: “Ele vai embora/ O sol se põe/ Ele leva o dia embora, mas eu sou crescidinha/ E do seu jeito/ Nesse tom triste/ Minhas lágrimas secam sozinhas”. Em He can hold her, fica nítido que ela tentou livrar-se da paixão doentia que sentia pelo namorado por meio de casos: “Mesmo se ela está contente no calor dele/ Ela se joga com urgência/ Procurando beijos/ Do homem que ela sente falta/ Do homem com quem ela gostaria de estar/ Agora, como ele pode ter o coração dela/ Se este já lhe foi roubado?”.

A dor que assolou Amy Winehouse, contudo, não é exclusiva dela. O álbum que substituiu Back to black na primeira posição entre os mais vendidos da Inglaterra, depois da morte da cantora, também ilustra o término de uma relação. Adele compôs as letras de 21, lançado em janeiro, como uma maneira de exorcizar os fantasmas de um namoro que, segundo a artista, fez de sua vida um inferno. Mal sabia ela que o choro que não consegue evitar ao interpretar Someone like you seria o que transformaria seu disco num sucesso de público e de crítica.

Situação semelhante ocorreu com a brasileira Maysa. Para ela, a separação do empresário André Matarazzo foi o começo do fundo do poço, registrado no disco Convite para ouvir Maysa nº 2 (1958), seu terceiro álbum de estúdio, lançado também nos Estados Unidos e na Argentina. Convite... é considerado um trabalho irretocável tanto em termos técnicos quanto na temática dor de cotovelo.

Carro-chefe do disco, o samba-canção Meu mundo caiu é uma música precursora de Rolling the deep, de Adele. Na letra, que remete ao fato de Matarazzo ter deixado Maysa por não aceitar sua carreira no mundo da música, a cantora afirma: “Meu mundo caiu/ E me fez ficar assim/ Você conseguiu/ E agora diz que tem pena de mim/ (…) Sei que você me entendeu/ E que também não vai se importar/ Se meu mundo caiu/ Eu que aprenda a levantar”. Maysa, entretanto, tal qual Amy Winehouse, nunca soube muito bem como permanecer em pé.

Engana-se, todavia, quem pensa que cantar sobre fim de relacionamento é exclusividade das mulheres. Um dos grandes clássicos dos discos de separação é Blood on the tracks (1975) de Bob Dylan, considerado também um dos melhores do cantor folk. Dylan até tentou negar que as composições tinham sido feitas em decorrência da crise pela qual passava seu casamento com Sara Lownds. O artista afirmou que as letras eram baseadas em peças do escritor russo Anton Chekhov.

Depoimentos como o de seu filho Jakob, porém, que disse que as músicas mais “pareciam discussões entre seus pais” e a separação do casal em 1977, que culminou com a conversão de Dylan ao cristianismo (um dos momentos mais obscuros de sua carreira) confirmam o caráter autobiográfico das canções. O álbum é uma explosão de melancolia e revolta ilustradas em faixas como Tangled in blue (algo como “envolto na fossa”) e Idiot win, que afirma: “Não consigo mais te sentir/ Não consigo sequer tocar nos livros que você lê/ Cada vez que eu rastejei perto de sua porta/ Eu gostaria de ter sido outra pessoa”.

Leia mais no Caderno C desta quinta-feira (06/10) no Jornal do Commercio.

 

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