MEMÓRIA

30 anos sem Elis Regina

Para lembrar a cantora, exposição, shows com Maria Rita, livro e documentário estão a caminho

Renato Contente
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Publicado em 19/01/2012 às 10:35
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Foi no programa Clube do Guri, da Rádio Farroupilha, em Porto Alegre, que a pequena Elis Regina de Carvalho Costa, então com sete anos, enfrentou um microfone pela primeira vez. A timidez e a insegurança, porém, emudeceram a menina, que não conseguiu encarar a plateia de estranhos no auditório da rádio e se pôs a roer as unhas, encobertas por luvas. Nem os suplícios da mãe, Ercy, e do locutor, Ary Rego, fizeram com que a menina, em choque, reagisse. “Isso não é papel que se faça”, ouviu da mãe, a caminho de casa. Depois de passar cinco anos acumulando coragem, Elis pediu uma segunda chance, e deixou todos da rádio boquiabertos com aquela que seria uma das maiores vozes do Brasil.

Este e outros episódios são narrados na biografia Furacão Elis (Leya), da jornalista Regina Echeverria, relançada em edição especial que lembra os 30 anos da morte da artista, completados hoje. O título não poderia ser mais adequado para descrever uma vida onde tudo aconteceu depressa demais, “do turbilhão da infância à morte prematura e trágica”, aos 36 anos. A ideia de biografar a artista ganhou corpo em 1985, três anos após sua morte. “Logo depois da notícia, fui procurada por um editor do Círculo do Livro, me propondo fazer o trabalho. Demorei três anos até criar coragem. E, como eu havia combinado com Elis que, no futuro, eu faria a sua biografia, resolvi aceitar o desafio”, lembra Regina, em entrevista por e-mail, que lançou Furacão Elis naquele mesmo ano. Quando perguntada sobre a recepção da obra pela família da artista e pessoas citadas, a autora afirma desconhecer a opinião dos envolvidos. “Jamais falamos sobre o assunto, nem na época e nem agora”, explica.

Além da reedição da biografia que resgata com minúcia a história da cantora, está em andamento o projeto Viva Elis, patrocinado pela Nivea, realizará uma exposição itinerante, a produção de um livro e um documentário.
Ainda estão previstos cinco shows de Maria Rita, 34 anos, filha caçula de Elis, que interpretará, pela primeira e, segundo diz, única vez em sua carreira, canções consagradas na voz de sua mãe. A turnê roda o País a partir de 17 de março (data de nascimento da cantora), passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Os eventos serão gratuitos e em locais públicos.


Desde que se lançou na carreira musical, em 2003, uma forte expectativa cercou Maria Rita pela “bênção e desafio” de ser filha de Elis. Apesar da cobrança de vê-la cantando as músicas da mãe, ela nunca cedeu te (à exceção de um especial de televisão, onde cantou Por toda minha vida e Amor até o fim. “Sempre comentei que isso aconteceria em um momento de real homenagem a ela”, diz a herdeira, que parece ter desejado evitar comparações.


João Marcello Bôscoli, 41 anos, produtor musical e filho mais velho de Elis, encabeça, junto à Nivea, a série de homenagens. Segundo ele, a ideia do show ganha corpo agora por causa da efeméride dos 30 anos, além de sua irmã ter atingido, nesses nove anos, maturidade pessoal e artística, “afinal, ela agora está com a carreira estabelecida”, justifica. Quanto ao motivo que levou Maria Rita a aceitar a empreitada, Bôscoli é incisivo: “Amor”.
Já o irmão do meio, Pedro Mariano, 36, planeja um disco só com cantores interpretando músicas do repertório dela.

Leia a matéria completa no Caderno C desta quinta-feira (19/01), no Jornal do Commercio.

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