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Planet Hemp fez a cabeça, a mente e o corpo de fãs recifenses

Banda tocou para plateia cheia no Chevrolet Hall, ontem à noite

AD Luna
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AD Luna
Publicado em 11/11/2012 às 12:37
Rafael Medeiros/JC Imagem
FOTO: Rafael Medeiros/JC Imagem
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Era uma vez um estilo musical chamado rock´n´roll. Em suas primeiras décadas de vida, ele era visto como símbolo de contestação da juventude contra padrões castradores de comportamento imposto pela sociedade organizada. Essa, por sua vez, dispõe de mecanismos capazes de neutralizar e/ou domar o caráter contestatório de manifestações culturais que se voltam contra ela, como foi o caso do próprio rock. Porém, bandas como a Planet Hemp, que se apresentou neste ontem à noite para um Chevrolet Hall abarrotado de fãs, mostram que esse poder de neutralização não é absoluto.

A casa de shows que fica na divisa entre o Recife e Olinda foi palco de um show incendiário e com amplas manifestações por parte do grupo (e do público) em defesa do uso e da legalização da maconha. No entanto, a luta da banda carioca parece simbolizar algo que transcende a polêmica em torno do consumo irrestrito da polêmica erva. Além da questão da livre expressão de ideias, o veterano quinteto traz de volta certa atitude rebelde que tem andado esquecida nos grandes palcos brasileiros, e que aparentemente está sendo sentida por pessoas mais novas.

Apilly Ribeiro, moradora do bairro do Espinheiro, é um exemplo disso. Quando o Planet parou de fazer shows no País – há pouco mais de dez anos -, ela era uma pré-adolescente. Antes do show começar, a jornalista hoje com 22 anos se mostrava empolgada pela oportunidade de assistir à banda ao vivo pela primeira vez. “Eu curtia por causa do meu irmão mais velho (de 27 anos). Estou aqui para resgatar algo que não vivi. Gosto do modo como eles expressam suas ideias. Totalmente sem pudores”, destaca.

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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem
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Planet Hemp tocou para plateia lotada no Chevrolet Hall, em Olinda - Rafael Medeiros/JC Imagem

 

A modelo e produtora de cinema Mariana Jacob, 28, saiu de Boa Viagem, onde mora, também pelo resgate de uma memória que ela não desfrutou totalmente. “Sou do tempo do disco Usuário (1995), quando eu tinha 15, 16 anos. Mas nunca vi nenhum show deles. Então vim buscando a sensação daquele momento”, comenta.

Outro que faz parte do conjunto daqueles que ouviam ou continuam escutando o Planet Hemp mas nunca os viram juntos tocando, o músico Luiz Carlos Ferrer, 30, do bairro de Jardim São Paulo, afirmou que não conseguia ir aos shows “porque minha não deixava (risos)”. “Desde guri eu curtia a música deles. Quando se separaram, fiquei acompanhando a carreira de D2, BNegão e Black Alien (outro vocalista, que atualmente anda afastado do showbizz). Acho que eles sempre foram muito autênticos”, elogia.

“Nunca pensei que eles fossem voltar. Foi uma surpresa boa para mim. Acho que vivemos muito tempo sob repressão, incluindo a ditadura militar. Então, que é bastante válida essa discussão (sobre a liberação da maconha) que eles levantam”, observa o ex-percussionista do Mundo Livre S/A, Marcelo Pianinnho, 47, residente no bairro da Linha do Tiro.

Em sua versão século 21, a banda criada nos anos 1990 veste sua “falta de pudor” com uma roupagem mais sofisticada. Dividido em três atos, o novo show de BNegão e Marcelo D2 (vocais), Rafael Crespo (guitarra), Pedrinho (bateria) e Formigão (baixo)foi enriquecido por uma elaborada iluminação e recursos visuais. Um telão em alta definição instalado atrás do palco apresenta imagens e encenações (incluindo trechos de filmes nacionais e estrangeiros, clipes e shows antigos do grupo) que interagem com a mensagem das letras do grupo, criando novas sensações em quem está curtindo o espetáculo.

A música em si continua a mesma pancada, com seu misto de hardcore, rap, punk, hard rock, funk e ragga. BNegão e D2 não correm e pulam tanto no palco como faziam há 15, 20 anos, mas o público aparentemente não ligou para isso e interagiu com o som do Planet cantando/gritando todas letras, saltitando quase que como se quisesse atingir o teto do Chevrolet Hall e participando de rodas de pogo que se formaram durante o concerto.

Enfim, os rapazes do Planet Hemp voltaram e não esqueceram como se faz um bom show.

 

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