Lançamento

Juvenil Silva atualiza o passado no primeiro disco solo

Músico também integra a banda Dunas do Barato

AD Luna
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AD Luna
Publicado em 31/03/2013 às 6:03
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“Modernizar o passado é uma evolução musical”. A célebre frase dita por Chico Science, em Monólogo ao pé do ouvido, faixa do disco Da lama ao caos (1994) soa como uma profecia ao observarmos o referencial estético que novas bandas e artistas da cena local resolveram abraçar nos dias atuais. Grupos como Feiticeiro Julião, Anjo Gabriel, Tagore, Quarto Astral, Dunas do Barato, entre outros, carregam em suas criações fortes influências dos anos setenta. Em especial, de artistas nacionais que naquele tempo fundiam rock com música brasileira a exemplo de Mutantes, Secos & Molhados, Raul Seixas, Ave Sangria e Alceu Valença. Em seu primeiro disco solo, o cantor e compositor Juvenil Silva, 27 anos, vem se somar a essa (re)conexão com o passado.

Com exceção de You’re not alone e De volta para o futuro em Recife (feitas em parcerias), todas as músicas saíram inteiramente da mente inquieta de Juvenil Silva. "Demorou uns oito meses pra terminar o disco, porque ele foi gravado de forma colaborativa, sem apoio de leis de incentivo, só com grana de shows e outros trabalhos. Os amigos deram uma força e cada um gravou no seu tempo e foi na mesma que estava trabalhando no novo EP do Dunas do Barato", conta o artista, que toca baixo no grupo em questão.

A paixão de Juvenil pelo rock vem desde a adolescência. Lá pelos seus 15 anos, ele costumava se juntar com os amigos para ouvir coleções de LPs de Mutantes, Raul Seixas, Alice Cooper e outros nomes diversos. "Eu não tinha nem internet. Era coisa de pesquisar mesmo, de trocar informações", relembra o morador do bairro de Dois Irmãos.

Mal lançou o primeiro disco solo, Juvenil já pensa nos próximos lançamentos. Ele já diz ter na manga composições para dois álbuns: um deles será mais simples, com versões acústicas; o outro, assim como Desapego, contará com o apoio de uma banda. 

Como se percebe, o rapaz parece ter o dom para criar músicas em profusão. "Trabalho com o meu inconsciente. Não sou de parar em determinados momentos para compor. As músicas simplesmente surgem prontas em minha mente. Quando elas chegam, gravo imediatamente no celular ou em um gravador", descreve.

Desapego é repleto de boas e ensolaradas canções, com um clima que remete aos bons tempos da Soparia do Pina. Em meio a uma decoração divertidamente kitsch e pernambucanamente psicodélica era possível ouvir várias das referências contidas no álbum de Juvenil na radiola de ficha do extinto bar.

Talvez isso explique a identificação de recifenses com mais de 30, 40 anos com o som do rapaz. Aos mais novos, as sonoridades das canções devem soar como novidade. Afinal, quando se tem a experiência de experimentar algo tido como “antigo”, esse algo pode soar como completamente e tocar fundo na alma. E isso é o mais importante.

Leia mais no Caderno C deste domingo (31).

 

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