RIO DE JANEIRO - Não é que devesse ser como na canção Tinha que ser com você. Afinal ela não é uma filha da bossa nova, nem mesmo uma intérprete do gênero. A ousadia, por fim, deu certo. Vanessa da Mata mergulhou no universo musical do maestro e compositor Tom Jobim e deve se tornar uma das musas morenas dos bossanovistas. Contida em sua emoção, entregue na justa medida à interpretação ora suave, ora cheia de balanço de alguns dos maiores clássicos da música popular brasileira, a cantora mato-grossense preferiu trilhar um caminho no espetáculo Nivea Viva Tom Jobim, que teve sua pré-estreia nessa terça-feira (dia 9/4) na casa de espetáculo Viva Rio, no Aterro do Flamengo.
Convidada especial da avant-première para convidados, Maria Bethânia quase que rouba a cena ao entrar na segunda parte de Chega de saudade com sua interpretação visceral para o dueto com Vanessa da Mata, num dos momentos mais aplaudidos do show. Vanessa deixaria o palco para a cantora baiana chamar o pianista e arranjador Wagner Tiso a acompanhá-la em Dindi, Modinha e Se todos fossem iguais a você, arrancando aplausos calorosos.
Com direção geral e curadoria de Monique Gardenberg, Nivea Viva Tom Jobim celebra os 50 anos de lançamento de The composer of Desafinado, Plays, o primeiro disco solo do compositor brasileiro, gravado nos Estados Unidos em 1963. No mesmo ano, ele gravaria Getz/Gilberto featuring Antonio Carlos Jobim, com o qual ganharia o Grammy com Stan Getz e João Gilberto.
O repertório de 24 canções privilegia os grandes sucessos de Tom Jobim em suas várias fases: da fossa de Por causa de você (com Dolores Duran) e Caminhos cruzados (gravada por Maysa) a suas canções de amor ao Rio de Janeiro (Samba do avião e Piano na Mangueira) e à natureza (Correnteza, e Sabiá) , e sobretudo às mulheres (Garota de Ipanema, Se todos fossem iguais a você, Falando de amor, Eu sei que vou te amar e O que tinha que ser, que Vanessa da Mata canta à capela).
Com um cenário sóbrio formado por círculos que mudam de cor e tamanho de acordo com a iluminação, o espetáculo fica mais interativo em sua segunda parte, com a exibição no telão de um vídeo com Tom Jobim cantando Garota de Ipanema com Frank Sinatra. Em outro vídeo, dirigido por Monique Gardenberg, a atriz Sophie Charlotte passeia pelo calçadão e areias de Copacabana, enquanto Vanessa canta Wave.
A música de Tom Jobim aparece rejuvenescida nos arranjos de Eumir Deodato e na direção musical de Kassin, que não permitem os manjados momentos de banquinho, voz e violão. Acompanhado de uma banda formada em sua maioria por jovens músicos, muito talentosos, Deodato imprime novas modulações e ritmos aos arranjos, passeando pelo samba-funk, samba jazz, por exemplo, evocando o mestre com respeito, mas fazendo a sua música suingar diferente, com outros timbres e nuances, enquanto Vanessa da Mata dá um novo tom de voz às bossas de Tom Jobim, semeando as promessas de amor de Eu sei que vou te amar para o público. Um final que pode ser óbvio, mas que certamente será um bálsamo para os fãs, que pedirão bis.
Turnê
A turnê do projeto Nivea Viva Tom Jobim começa no dia 21 deste mês por Salvador, chegando no Recife no dia 28. Em maio, segue para Brasília (dia 5), Porto Alegre (dia 19) e São Paulo (dia 26). O encerramento será no Rio de Janeiro, em data a ser confirmada. Os shows são abertos ao público. Em sua primeira edição no ano passado, 300 mil pessoas assistiram ao Nivea Viva Elis, tributo prestado por Maria Rita a sua mãe, Elis Regina.
Confira o set list do show
Set list
Só tinha que ser com você
Este teu olhar
Chovendo na roseira
Caminhos cruzados
Por causa de você
Desafinado
Chega de Saudade – Com Bethânia
Dindi – Bethânia com Wagner Tiso
Modinha - Bethânia com Wagner Tiso
Se todos fossem iguais a você - Bethânia com Wagner Tiso
Garota de Ipanema - Com Tom Jobim e Frank Sinatra no telão
Wave
Correnteza
O que tinha de ser (a capela)
Sabiá
Samba do avião
Samba de uma nota só
Só danço samba
Piano na Mangueira
Lamento do morro
Falando de amor
Estrada do sol
Eu sei que vou te amar