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Cat Power trouxe sua fossa indie para o Recife

Mesmo atrasada, esquecendo a letra e com uma otite, a cantora agradou seu público

Igor Gomes
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Igor Gomes
Publicado em 21/05/2013 às 11:47
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Em cima do palco, a cantora americana Chan Marshall – ou Cat Power – tem um ar de quem está perdida em terra estranha. Chega atrasada, esquece letra, não dá muita atenção ao público. Depois ela cresce, interage e canta certinho, mas a impressão de alguém perdido é a mais forte possível. É justamente esse conjunto de fatores, associado a um talento aparentemente nato para traduzir várias fossas da vida, que a torna tão querida aos fãs ou apreciadores distantes do rock indie. Com a plateia recifense não foi diferente: Cat Power foi aclamada pelo pequeno e fiel público que fora vê-la no Catamaran, no último domingo (19). 

O show foi bem intimista, tanto por conta do número de pessoas (visivelmente não chegou a mil presentes), quanto pela rouca voz da cantora e a aura de mulher perdida por ela emanada. 

Em set list composto majoritariamente pelas músicas de Sun (2012), Cat Power (que precisou de atendimento médico antes de subir ao palco por conta de uma otite), abriu a apresentação com Sea of love, clássico dos anos 1950 que, na sua voz, fez parte da trilha sonora do filme Juno (2007). Cantou só um trecho. Depois passeou por sucessos autorais, como The greatest ou Cherokee, chegando a outros covers (como Angelitos negros, um bolero venezuelano dos anos 1940) e outras autorais (3,6,9 e Metal heart), para finalizar com Ruin, do novo disco.

Em todas as interpretações, o comportamento do público foi, basicamente, contemplativo. Salvo composições mais animadas (a exemplo de Cherokee ou Peace and love, nas quais a plateia pulou ou bateu palmas), as demais encontraram um público realmente disposto a ouvir a estrela tocando suas agruras. Talvez isso tenha contribuído para um show tranquilo: Cat Power é conhecida por não gostar de público barulhento.

No frigir dos ovos, pouco importaram os atrasos – ela chegou ao Recife cinco horas depois do previsto, o que retardou a entrada do público e encurtou o show de abertura, da pernambucana Mellotrons –, o esquecimento de letras ou o silêncio inicial em relação ao público. Cat Power fez um show vivo e, com seu comedimento e intimismo, passou a vida (triste) que existe em suas canções. É, inegavelmente, uma estrela do rock indie e da fossa.

 

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