Quando Clarice Falcão subiu ao palco do Teatro da UFPE na noite deste sábado (19), já passava da hora da grande maioria de seus fãs estarem na cama. A pernambucana radicada no Rio de Janeiro encerrou a segunda e última noite da décima edição do festival No Ar Coquetel Molotov, iniciando sua apresentação aproximadamente às 00h30, vestida de uma capa de chuva.
Entre uma faixa e outra, todas cantadas e interpretadas impecavelmente, o público não dava brecha à cantora e, aos gritos tipicamente adolescentes, cantavam devocionadamente em coro. Antes mesmo da metade do show algumas fãs invadiram o palco e foram iimediatamente retiradas pelos seguranças.
Canções como Esqueci você, Um só, e Monomania deram tanta alegria ao públio quanto as bem humoradas colocações de Clarice. A compositora brincou com o fato de fazer tanto sucesso e rendeu uma bela homenagem a Luiz Gonzaga com a música Adeus, Pernambuco, fechando o show.
Antes dela, a banda paulista Metá Metá mostrou seu charme, malemolência, batuques e entrega total ao que faz. As batidas africanas amalgamaram-se aos riffs da guitarra e à pegada bossanoviana, envolvendo nitidamente os presentes com as músicas do segundo CD do trio (que em iorubá significa três), MetaL MetaL.
Hipnose, esta, que marcou a noite toda deste sábado e teve início cedo, com a banda de abertura Bixiga 70. O grupo de afrobeat tocou em sua grande parte da apresentação faixas no disco recém-lançado, Bixiga 10 (2013). As muitas cadeiras vazias do teatro contrastavam com as pessoas em pé, dançando e entregabdo-se à música.
O norte-americano Perfume Genius foi o punico gringo da noite. Atrás de seu piano, sua música introspectiva pareceu não agradar tanto ao público, apesar do grupo de fãs que estava localizado na frente do palco. Talvez tenha sido um erro inserí-lo na programação do dia mais rítmicamente agitado do festival.
RED BULL MUSIC ACADEMY STAGE
Além dos shows do Teatro da UFPE, o Coquetel Molotov traz uma programação paralela que acontece na antiga Sala Cine das depedências do teatro, atual Red Bull Music Academy Stage. O projeto do músico pernambucano Rodrigo Coelho, Grassmass, abriu o sábado, um pouco após as 17h. As bases eletrônicas acompanhadas de guitarra e baixo por momentos não reuniu muito público, mas agradou quem estava por lá.
Em seguida foi a vez da dupla Maria Luiza Jobim, filha do mestre Tom, junto a seu parceiro Lucas de Paiva. O som da dupla cartacteriza-se por batidas oitentistas e letras em inglês. Tímida, Maria Luiza foi se soltando no palco a medida que o show avançava e encwerrou rendendo uma homenagem ao poetinha, Vinicius de Moraes, que completaria 100 anos no dia. A canção escolhida pelo duo foi Moinho d'água, parceria do poeta junto a Marília Medralha. "Escolhemos essa entre tantas composições dele porque não é uma das óbvias e muito também pelo fato do arranjo não ser característico da música brasileira", explicou Lucas.
Após Opala, a também dupla Memória de Peixe fez ecoar na pequena sala sua música instrumental. Composta pela bateria de Nuno Oliveira e guitarra de Miguel Nicolau, a banda contagiou a todos com sua apresentação enérgica e sua música diferenciada. Projeções na parede do palco acrementava o show.
Com seus cabelos curtíssimos, quase raspados, e rosas quase loiros, a rapper paranaense Karol Conká encerrou a programação do Red Bull Music Academy Stage. Ela entoa músicas de sucesso, como Boa noite, e colocou todo mundo para dançar. Recife se jogou no funk e no rap e, ao cantar a música Gandaia, chamou seis pessoas para subir ao palco. Mas pelo menos o dobro invadiu o espaço da cantora e acompanhou-a no ritmo.
