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No Ar: Coquetel Molotov celebra novos e velhos ídolos

Evento no Teatro da UFPE, na sexta-feira (18/10) e no sábado, entrou pela madrugada nos dois dias

Marcos Toledo e Valentine Herold
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Marcos Toledo e Valentine Herold
Publicado em 21/10/2013 às 6:00
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Foi vestida de uma capa impermeável e segurando um guarda-chuva que a pernambucana radicada no Rio de Janeiro Clarice Falcão subiu ao palco do Teatro da UFPE, aproximadamente à 0h30 do domingo. A jovem cantora e compositora encerrou a décima edição do festival No Ar: Coquetel Molotov lotando o teatro de um público adolescente (na maioria feminino) que poderia muito bem ser um personagem seu no grupo de humor ao qual faz parte, Porta dos Fundos. Sua primeira apresentação no Recife enérgica e forte.

O público se deixou envolver também com Bixiga 70. O grupo de afrobeat de São Paulo tocou boa parte das faixas do recém-lançado Bixiga 10 (2013). O americano Perfume Genius foi o único gringo da noite. Atrás de seu piano, sua música introspectiva pareceu não agradar tanto, apesar do grupo de fãs localizado na frente do palco.

Na sexta, a primeira noite do Molotov premiou, mais do que qualquer outro público, os fãs órfãos dos Los Hermanos. Curiosamente, quando se completa 15 anos do primeiro show da banda carioca em Pernambuco, no Abril pro Rock – do qual despontou para todo o Brasil –, o Molotov brindou seus fiéis seguidores com três atrações que muito têm a ver com o grupo: seu cofundador Rodrigo Amarante; a banda Hurtmold, que já havia tocado em 2005 e acompanhado o hermano Marcelo Camelo, em 2008; e Cícero, cantor e instrumentista que nitidamente sofre forte influência dos barbados e fez o show mais celebrado da noite confirmando sua vocação de fenômeno da internet e da nova geração da MPB indie.

Mesmo depois de mais de 15 anos ainda parece estranho tanta gente jovem cultuando músicas tão melancólicas. Mas isso é o que faz sucesso para o público que foi ao festival e fez coro com Cícero em todas suas canções – boa parte da plateia, aliás, perdeu o show seguinte para tentar falar com o novo ídolo. Quem ficou para ouvir o som instrumental da Hurtmold foi porque quis e assistiu com atenção à mesma MPB indie, mas em uma vibe free jazz que, sem letra, soa menos melancólica. No meio da madrugada, Rodrigo Amarante tentou segurar os fãs, porém, parte parecia não aguentar mais a jornada. E seu trabalho solo, cada vez mais introspectivo ao longo do show dificultou a possibilidade de prender a atenção – exceto, claro, dos espectadores mais fervorosos, que pareciam hipnotizados, por toda a noite.

Quem saiu ganhando com essa movimentação hermanesca foi Juvenil Silva, baixista do Dunas do Barato que teve a oportunidade de mostrar seu trabalho solo. Mesmo destoando da tônica da noite, o cantor, compositor e instrumentista pernambucano abriu a tertúlia no Teatro da UFPE com sua mistura de rock rural e rock clássico regado a Raul e Hendrix, letras irônicas e otras cositas más de seu primeiro CD solo Desapego. Certamente angariou novos fãs.

Leia a matéria completa na edição desta segunda-feira (21/10) do Caderno C do Jornal do Comemrcio

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