Esqueça os frevinhos e sambas-rock característicos da Eddie, Fábio Trummmer decidiu voltar aos seus anos 1980 e às origens do rock’n’roll em seu novo projeto paralelo. Intitulado de Trummer SSA, Fábio decidiu juntar-se a dois jovens músicos: Luca Bori e Dieguito Reis, respectivamente no baixo e bateria – ambos da banda baiana Vivendo do Ócio. O primeiro álbum da banda foi lançado na semana passada, via internet. O registro físico (em CD e LP), só em março, depois do Carnaval.
O nome escolhido para o CD foi Super sub américa e o motivo o famoso livre de Eduardo Galeano, As veias abertas da América Latina. “Ele fala que, na verdade, somos no máximo a ‘sub américa’ porque América mesmo, são os EUA, pela história do continente, as colonizações. Peguei essa ideia que deu o norte para as letras das músicas”, conta Fábio. Mas nem as letras vieram antes do pontapé ideológico; nem a recíproca é verdadeira. Foi tudo mais ou menos em conjunto. “Eu já tinha algumas coisas escritas nesse sentido, mas depois virou intenção mesmo.”
Além do nome do CD, o próprio nome do projeto também é carregado de significado: é um trocadilho com seus integrantes. Trummer, obviamente, por causa de Fábio; e SSA pela origem soteropolitana de Luca e Dieguito. “É um projeto bem meu, na verdade. Mas não é solo, por que tem uma banda, sem contar que os meninos imprimem também suas marcas no trabalho”, analisa.
Exceto Eu tenho fé, escrita pelo ex-parceiro da Eddie e conterrâneo olindense, Rogerman, as outras nove faixas de Super sub américa foram escritas e musicadas por Fábio. O mergulho no universo rockeiro oitentista era um desejo antigo do músico, mas algumas músicas acabam por lembrar – aos ouvidos mais atentos da produção de Trummer – riffs da Eddie. Medo da Rua lembra por momentos Casa de marimbondo, do disco
E nada na Trummer SSA parece estar livre de significados. O galo pintado que estampa o pano de fundo do site do projeto e o encarte do álbum é outra analogia à América Latina. “É ao mesmo tempo uma criatura vaidosa e feroz. O galo tem seu território, defende sua família”, conta o idealizador do grupo.
As ideias e o planejamento da Trummer SSA parece fluir de maneira natural, tranquila e Fábio se revela da mesma maneira com o formato tão diferente da Eddie de fazer e levar a música. “A banda inteira mora no Recife. Só eu da Eddie que estou em São Paulo e isso dificultava também para ficar fazendo show aqui. Tocar para 500 pessoas não era viável com o grupo em termos de cachê e custos para trazer todos”, explica Fábio. “Decidir então ter essa alternativa de pegar meu instrumento e ir tocar num pub, é um formato do qual eu gosto muito. Fico mais próximo do público."
Leia matéria na íntegra na edição deste sábado (8) do Caderno C, no Jornal do Commercio