A noite da última segunda-feira foi perturbadora para Bex Marchall. A multinstrumentista e cantora inglesa radicada nos Estados Unidos deveria embarcar para o Brasil, mas teve seu voo cancelado devido aos tornados que tomaram conta da Costa Sul do país, uma de suas três moradias (além de Memphis, ela divide seu tempo entre Chipre e Londres). Ainda assustada, ela respondeu ainda assim com bom humor à entrevista por e-mail, na qual se diz muito empolgada com o show que apresenta esta noite, no encerramento do RioMar Jazz Fest, às 18h, na Praça de Eventos do RioMar Shopping.
No Recife, Bex toca acompanhada do guitarrista paranaense Décio Caetano e da banda garanhunense Street Jazz Band. É a estreia da britânica dona de uma potente e grave voz na capital pernambucana, mas sua segunda passagem pelo País. “O país é tão empolgante e os músicos com quem toco são excepcionais. Da última vez que estive aí, uma mulher da plateia tirou seus sapatos e então todas as mulheres estavam descalças, dançando em círculo na minha frente. Estavam todas dançando com um desprendimento selvagem” relembra.
A blueseira apresenta um repertório que mescla faixas de seu último disco, The house of mercy, outras do anterior, Kitchen table, ainda clássicos de artistas que a influenciaram, como Muddy Waters, Janis Joplin, Aretha Franklin e John Lee Hooker. O som de Bex Marchall é peculiar: mescla blues tradicional com ritmos de raiz e ragtime – gênero norte-americano muito popular no final do século 19, antecessor do jazz. Para chegar até sua identidade sonora, Bex trilhou um longo caminho musical.
“Comecei a tocar guitarra aos nove anos. Eu estava tão faminta que fui aprendendo desde música clássica ao jazz, passando por ritmos latinos”, relembra. “Eu percebo agora que o blues percorre todos os estilos, pois se baseia na alma e no coração.”
DOSE DUPLA
Do RioMar, Bex segue com Décio para o Saint Paul Bar onde apresenta outro show, dividindo a noite com a banda local Uptown Band. “Eu nunca na minha vida toquei o mesmo repertório duas vezes. Gosto de fazer parte do que está ao meu redor, sentir a energia e então tocar o que sentir.” É também nessa segunda apresentação que Décio deve apresentar composições suas. “Estou aí para acompanhá-la, mas no bar devo tocar coisas minhas, estou preparando novidades”, finaliza.