Após o sucesso obtido com o EP de estreia, Aldeia, gravado em parceria com o amigo João Cavalcanti, que lhe rendeu espaço no Abril Pro Rock e no Coquetel Molotov, Tagore lança nesta segunda (11), na web, o seu primeiro álbum, Movido a vapor.
A musicalidade psicodélica de Aldeia ganha forma de rock britânico no novo trabalho. Com um processo de produção diferenciado, envolvendo nomes de peso como Clayton Barros e Vinícius Nunes, e um trabalho mais metódico no Fábrica Estúdio – primeira experiência em estúdio do músico –, a sonoridade ficou um pouco mais contida, perdendo a identidade roots e experimental, mas, ao mesmo tempo, se tornando universal.
A complementação com uma banda tem um papel fundamental para essa pluralidade. Além de João Cavalcanti (guitarra, sintetizador e teclados), acompanham Tagore Suassuna (voz e violão) os músicos Caramurú Baumgartner (percussão), Gustavo Perylo (bateria) e Diego Dornelles (baixo).
Mas essa mudança acontece sem deixar lado os traços regionalistas – oriundos da influência do rock dos anos 1970 de Alceu Valença e Ave Sangria –, marcantes principalmente na voz rasgada, com forte sotaque, e no gritos de Tagore Suassuna, lembrando os cancioneiros do Sertão pernambucano, onde ele tem raiz fincada.
Das 13 músicas do álbum, três já estavam presentes no EP: Enciclopédia do ser, Poliglota e Crença. Segundo Tagore Suassuna, as demais canções continuam com arranjos assinados em parceria com João Cavalcanti e "são o resultado de uma lapidação realizada durante os dois anos que se passaram até a gravação do álbum criando um compilado mais sólido".
A mudança não se restringe às melodias. As letras caminham em direção a outro universo. Tratam do caos urbano e paixão juvenil que Tagore fala ao se definir.
"Um coração apaixonado pelo sentimento cinza da cidade”, diz em Vagabundo iluminado. Em 2012, ele desafia o fim dos tempos ao encará-lo e solta: "Deixa de pose!". Já em Ilhas Cayman, ironiza o discurso político pré-campanha eleitoral: "Na eleição que vem, prometo melhorar, mas sem parar de roubar".
Com um total de 13 faixas, Movido a vapor conta ainda com as regravações Todos os olhos, de Tom Zé, e Morena tropicana, de Alceu Valença.
Tagore é um cancioneiro estrelando um faroeste urbano brasileiro. Movido a vapor.
PROJEÇÃO
De abril para cá, Tagore realizou turnê no Sul e Sudeste brasileiro passando por Curitiba, Antonina (PR), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Bragança Paulista (SP) onde buscou sentir a recepção do trabalho. O show de lançamento oficial do CD ocorre em São Paulo, dia 4 de setembro, no Teatro Itália. Por aqui, Tagore pretende se apresentar no fim do ano, ainda sem data marcada.
