Música

Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda afinam parceria em novo cd

'Bossa negra' mescla inéditas e clássicos do samba

Renato L
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Renato L
Publicado em 25/08/2014 às 12:38
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A rica tradição brasileira de afro-sambas, imortalizada nas composições de craques como Baden Powell e Vinicius de Moraes, gerou outro fruto saboroso: Bossa negra, disco assinado pelo cantor Diogo Nogueira e o bandolinista Hamilton de Holanda. Gravado e mixado no Rio de Janeiro, de janeiro a junho de 2014, esse primeiro trabalho em conjunto da dupla acaba de chegar às lojas com o selo da Universal Music.

O projeto começou a se materializar em 2009, em Miami, depois desses dois cariocas dividirem um bem-sucedido show improvisado. Dois anos antes, Diogo Nogueira já havia convidado Hamilton para participar do seu DVD, convite recusado apenas por conta do nascimento do filho do bandolinista.

A relação de amizade aproximou tradições musicais distintas. De um lado, o universo do samba autoral suburbano, habitat natural do cantor. De outro, o Choro e sua fértil mistura de erudito e popular, incorporada numa linhagem de instrumentistas geniais da qual Hamilton faz parte. Essa miscigenação está na base do conceito que dá norte ao disco. “O povo brasileiro é nascido na miscigenação. Se a música quiser ser pura, vai dar errado”, destaca Hamilton.

Bossa negra está assumidamente conectado a esse mix de influências.  Sem ligar para purismos, eles esboçaram os arranjos das 13 canções do disco a partir de uma formação minimalista pouco usual no universo do samba tradicional: contrabaixo acústico (André Vasconcelos), bandolim de 10 cordas (Hamilton de Holanda) e “percuteria”, apelido do kit de percussão de Thiago da Serrinha.

Com esse arcabouço inovador, eles recriaram clássicos como Risque, de Ary Barroso, sucesso nas gafieiras do país na década de 50, Mundo melhor (Pixinguinha e Vinícius de Moraes), Mineira, um balanço irresistível de João Nogueira e Paulo César Pinheiro dedicado a Clara Nunes, e Samba de Arerê, parceria de Arlindo Cruz e Xande dos Pilares que estourou na voz de Beth Carvalho. Há espaço, também, para uma faixa inédita de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, Salamandra, resgatada do esquecimento graças aos esforços de Diogo Nogueira.

O repertório de Bossa negra, no entanto, também é formado por canções de Diogo e Hamilton, escritas com os músicos da banda e o produtor Marcos Portinari durante os ensaios ou via métodos modernos como o WhatsApp. O resultado final reforça a posição de Hamilton de Holanda como um dos nomes mais importantes da música brasileira contemporânea. Permite, também, a Diogo Nogueira assinar pela primeira vez um trabalho com o nível à altura da linhagem da qual é herdeiro. Combinados, esses talentos fazem de Bossa negra um dos melhores lançamentos da música brasileira em 2014.

Leia a matéria completa na edição desta segunda-feira (25/8) do Caderno C do Jornal do Commercio.

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