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Banda Belle and Sebastian fala sobre passagem pelo Brasil

O grupo escocês se apresenta sábado (17/10), no Popload Festival, em São Paulo

da Agência Estado João Paulo Carvalho
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da Agência Estado
João Paulo Carvalho
Publicado em 15/10/2015 às 14:45
Søren Solkær/Divulgação
O grupo escocês se apresenta sábado (17/10), no Popload Festival, em São Paulo - FOTO: Søren Solkær/Divulgação
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Os precursores do indie rock estão no Brasil. Quase 20 anos depois do lançamento de Tigermilk e If You’re Feeling Sinister, os dois primeiros discos da banda Belle and Sebastian, uma coisa não mudou: a capacidade do grupo de se reinventar musicalmente, embora a diferença seja mínima para os ouvintes de primeira viagem. Girls in Peacetime Want to Dance, nono álbum de estúdio dos escoceses, reitera tal conceito. À base de sintetizadores, o mais recente trabalho, lançado no começo do ano, dá ao conjunto o posto de verdadeiros hipsters da Rua Augusta.

"Este, certamente, é o nosso CD mais pop, embora muita gente não queira aceitar", afirma o baterista Richard Colburn, em entrevista por telefone. O repertório da banda, que se apresenta neste sábado, 17, no Festival Popload, deve mesclar todas as suas fases. O evento começa na sexta, 16. "Nosso set será heterogêneo. Não dá para cravar nada. Podemos até para incluir música brasileira", brinca.

Liderado por Stuart Murdoch, de 46 anos, o Belle and Sebastian tem uma trajetória riquíssima dentro da música. Da fofa e enérgica Enter Sylvia Plath à triste e, ao mesmo tempo, serelepe There’s Too Much Love, a banda conseguiu transitar sem problemas pela década de 1990 e chegar aos anos 2000 sem perder o fôlego ou ser abafada por outras correntes músicas mais interessantes para os indies de plantão.

O Belle and Sebastian sempre esteve lá, no circuito paralelo dos fãs alternativos. "Acho que a proposta da banda é justamente essa. Não fazer uma coisa igual, consequentemente, não deixa a gente limitado. Nosso público adora novas experimentações, como foi nesse último trabalho. Chris Geddes (tecladista da banda), portanto, é primordial para esse novo álbum", afirma o baterista

Os integrantes do Belle and Sebastian nunca esconderam a admiração pela música brasileira. Além de Mutantes e Tropicália, o baterista cita também nomes como Milton Nascimento, Rita Lee, Gal Costa e o tremendão Erasmo Carlos. A canção Perfect Couples, do novo disco, inclusive, seria influenciada pela música brasileira. "Essa música especificamente tem muito do som aí da sua terra. O disco inteiro, como um todo, reflete coisas da Tropicália. Isso é evidente. Sempre ouvimos muitas sonoridades brasileiras. Milton, Rita e Mutantes são primordiais para o nosso som", confirma Colburn.

Em entrevista no começo do ano, a cantora e multi-instrumentista Sarah Martin falou sobre a relação da banda com a música brasileira. "Nós sempre gostamos dos Mutantes, do movimento da Tropicália. Nós aprendemos a tocar Baby e A Minha Menina, a primeira que foi um grande sucesso de Gal Costa. E cantamos nas duas turnês. E há uma música no novo disco que se chama Perfect Couples, que Steve compôs, que é muito ligada à Tropicália. Nós, tipo, sentimos que cairia bem no disco inicial da Tropicália", disse à época.

Richard Colburn também faz elogios ao público brasileiro e reforça o amadurecimento da banda desde a primeira apresentação do grupo por aqui, em 2001. Segundo ele, de lá para cá, muita coisa mudou. A sonoridade do Belle and Sebastian tem uma nova relação com os equipamentos digitais. The Power Of Three e The Party Line externam bem essa fase.

"Impossível ignorar os aparatos tecnológicos. Nos shows, entretanto, isso complica um pouco, mas, quando tocamos algo ao vivo, tentamos chegar próximo daquilo que gravamos no disco", diz. "O público brasileiro é, de fato, mais quente. Dificilmente alguém fica parado ou quieto. Todos cantam juntos. Isso inclui os riffs. Algo que não costumamos ver fora da América do Sul, por exemplo", complementa.

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