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Zé Cafofinho comanda Orquestra do Sucesso até o Carnaval

Ensaios com vários músicos da cena pernambucana acontecem toda quarta no Xinxin da Baiana

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 25/11/2015 às 5:55
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Ensaios com vários músicos da cena pernambucana acontecem toda quarta no Xinxin da Baiana - FOTO: Divulgação
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De olho no frege do Carnaval que se aproxima, o cantor Tiago Andrade volta a comandar a Orquestra do Sucesso. Todas as quartas, a partir das 22h, mais de uma dezena de músicos promovem uma profusão rara de ser encontrada no atual calendário sonoro local. Com uma musicalidade sui generis, a trupe acerta a marcha no Xinxim da Baiana, em Olinda, até o início oficial da folia. “Esse ‘Dasacerto de Marcha’ foi a forma que encontrei de mexer com a estrutura nuclear do frevo e colocar em teste qualquer gênero de música para ver o que funciona ou não no Carnaval”, diz ele, mais conhecido como Zé Cafofinho.


Pelo visto nas duas últimas semanas, com os músicos se revezando nos fundos do Xinxim da Baiana – agora com palco melhor estruturado – a Orquestra do Sucesso está praticamente azeitada para a folia. Regente da banda, é Tiago quem abre e fecha os trabalhos, revezando sucessos próprios, como a Xirley (do refrão “Café coado na calcinha....”) com hits que viraram farofa sonora.


No repertório, entram frevos, marchas e canções antes mais desprezadas que a Geni da música de Chico Buarque, vide alguns standards do axé baiano hoje tratados como cult, além de canções de nomes como Cindy Lauper ou Madonna. Ou seja, qualquer coisa que tenha entrado sem caminho de volta na memória do pop. Tudo com arranjos endiabrados.


A Orquestra do Sucesso é uma espécie de big band pop pernambucana com um tempero do Original Olinda Style. Com um timbre peculiar e grave, Tiago, agora numa voz mais melodiosa depois de um ano longe dos cigarros, soa como um Tom Waits disposto a botar o povo pra subir ladeira, no embalo dos sopros e metais elegantíssimos do conjunto. O saxofonista Parrô Mello é o responsável pelos arranjos. Cláudio Negrão responde pela harmonia e Marcos Axé é o chefe da bateria. A percussão traz ainda Nino Silva (que toca com Josildo Sá) e Willy Boy (da banda de Jorge Riba). Juntos, eles dão os temperos africanos à musicalidade que passeia pelo samba, pela salsa e pelos merengues.


A metaleira, aliás, é intensificada com o trombone performático de Neris Rodrigues e pelo trompete vertiginoso de Márcio Oliveira, que também está com um azeitado disco novo. Um dos mais endiabrados no palco é mesmo Marco Axé, homem da banda de Otto, que na Orquestra do Sucesso também assume os vocais para mostrar temas de seu próximo disco solo.


E isso tudo soa carnavalesco? Sim. Não bastasse a performance francamente dionisíaca de Zé Cafofinho e sua trupe, temos, claro, o frevo como bastião momesco, mas somos um dos poucos povos do Brasil a conjugar a tal multiculturalismo onde o rock se enlaça com o maracatu.


E, sem aviso prévio, é comum encontrar com convidados ilustres, como Fábio Trummer, Isaar França, Josildo Sá e Júnio Barreto. Hoje, quem aparece por lá é Cannibal Santos. O bailão é garantido.


Orquestra do Sucesso em ensaios de Carnaval. Toda quarta, 22h, Xinxim da Baiana. Av. Sigismundo Gonçalves, 742, Carmo, Olinda. Fone: 3439-8447. Ingressos: R$ 10.

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