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Violão de 7 cordas é tema de série televisiva

Sete Vidas em 7 Cordas é apresentado por Yamandu Costa e percorre as histórias de vida em torno do instrumento

Kalor Pacheco
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Kalor Pacheco
Publicado em 19/12/2015 às 8:52
Divulgação/Canal Brasil
Sete Vidas em 7 Cordas é apresentado por Yamandu Costa e percorre as histórias de vida em torno do instrumento - FOTO: Divulgação/Canal Brasil
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Para criar um projeto audiovisual que confabule exclusivamente com um instrumento musical é necessário mais que paixão: requer intimidade para documentar também histórias de vida paralelas à musicalidade. A série de programas Sete Vidas em 7 Cordas, que estreou no Canal Brasil na última quinta-feira (17) – reprisa neste e em todos os domingos, às 12h30, e às terças-feiras, às 17h – busca traçar um painel musical e humano dos usos, costumes e lendas que cercam o violão que tem em sua sétima corda a “baixaria” que redefiniu a musicalidade do samba e choro. 

As vidas e obras daqueles que, dedilhando as suas sete cordas, se projetaram como virtuoses do instrumentos são reveladas a cada novo episódio. Eles são apresentados pelo notável violonista gaúcho Yamandu Costa, que responde também pela curadoria e direção artística. “Toda a criação passa muito por ele”, destaca Caio Jobim, roteirista da série produzida pela sua DobleChapa Cinematografia – a mesma de Nos Balés da Tormenta, sobre o músico pernambucano Siba. A direção de Sete Vidas em 7 Cordas é assinada por Pablo Francischelli, da mesma produtora.

“Porque pra gente não é só contar uma história ou mostrar a música. Tem um pouco do lado pessoal, já que são muitas as histórias e ele já conhecia ou tinha amizade com uma parte dos músicos”, diz o roteirista. Yamandu reforça a parceria: “A moçada me deixou muito à vontade, pois eram curiosidades que eu tinha, ou coisas que eu já sabia desse universo; busquei explorar as camadas diferentes que ele proporciona. Foi muito natural fazer o programa”.

Percebe-se, por exemplo, logo no primeiro capítulo, a curiosidade do apresentador em torno do usufruto do instrumento que já é secular na Rússia, e ele diz que “a grande surpresa foi se deparar com uma escola de violão intocada”; ou ainda a intimidade entre os amigos de infância Yamandu e Arthur Bonilla – falecido em maio passado –, tocando ao ar livre de uma fazenda.

Assim sete vidas são apresentadas em sete episódios, cada um revelando o que Jobim classificou como “os sotaques do instrumento”, já que é possível ouvir desde Artur Bonilla, no extremo Sul do Brasil, à violonista russa Anastasia Bardina, do outro lado do Oceano Atlântico. “As pessoas vão construindo a sua maneira de tocar. Se dá certo e de alguma maneira consegue expressar a sua verdade, é isso o que conta. As pessoas também têm as suas limitações e a música ganha com isso”, diz Yamandu.

FUTURO 

As perspectivas do instrumento dizem muito sobre as possibilidades musicais que não se findam com a assimilação de um estilo determinado por um gênero. Para o encerramento da temporada, foi escolhido o violonista pernambucano Vinícius Sarmento, 22 anos, como a última das sete vidas. Ele é sobrinho de Bozó 7 Cordas, autoridade nacional no instrumento; estudou violão popular com o tio e desde jovem segue seus próprios passos com o violão de 7 cordas, tendo chegado a dividir o palco com grandes músicos como Dominguinhos, Hamilton de Holanda, Henrique Annes e próprio Yamandu.

“Eu tenho um traço autodidata muito forte na minha formação, apesar de ter uma base com Bozó no Conservatório de seis meses. Na primeira vez que peguei num violão de sete cordas, depois de já ambientado com o de seis, foi tudo muito natural – mesmo com a complexidade do instrumento”, se orgulha Vinícius. O jovem músico reforça o valor dos intercâmbios sonoros comumente vividos e que ficaram registrados na série: “Existe uma troca que se dá pelo ouvido, nos encontros – tanto com os mais velhos, quanto o pessoal da minha geração, as pessoas com as quais eu me relaciono musicalmente”.

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