CHINA

Little Monster: sem medo de ser freak

Banda chinesa de punk experimental faz dos shows no recife

GGabriel Albuquerque
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GGabriel Albuquerque
Publicado em 05/08/2016 às 10:08
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Banda chinesa de punk experimental faz dos shows no recife - FOTO: Foto: Divulgação
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A história da banda chinesa Little Monster – que se apresenta no Recife hoje, no Edifício Texas, e terça-feira, no Rock na Calçada – é no mínimo curiosa. “Eu decidi largar tudo e ir morar na China, trabalhando com comércio exterior”, conta o baterista e vocalista Alexandre Almeida (ou Ale Amazônia), que morava em Curitiba, onde tocava com a banda de hardcore/black metal Motim. Mas, numa viagem de trem para Hong Kong, ele encontrou os músicos da banda americana Unknown Mortal Orchestra. E tudo mud1ou. “Eu nem sabia quem eram eles, mas eles pareciam ser músicos e fui conversar. Ficamos amigos e eles falaram: ‘Alex, você devia voltar a tocar’”.

Ao voltar para Xangai, Alexandre estava decidido a conhecer a cena musical chinesa e formar uma banda. “Fui no primeiro show que encontrei. Era do duo Pairs, que já era conhecido no País, com turnê asiática e tudo. Era o último show da banda. A guitarrista F. disse que o baterista estava saindo da banda, então me ofereci”, relata. A combinação foi perfeita: “Ela me perguntou como eu tocava. Eu disse: ‘rápido e violento’. Então montamos o Little Monster”.

Para divulgar a turnê brasileira (são 14 shows em seis cidades), a banda lançou um EP em vinil de sete polegadas. O disco é um split com o carioca Negro Leo, contendo três músicas de cada um. Why Would You Need Love Since You Already Have Black Metal?, faixa que abre o disco, é uma espécie de punk rock desregrado, caótico e barulhento. Já Summer Long remete às afinações alternativas usadas pelo Sonic Youth.

Mas isso é muito pouco para definir o Little Monster. Sua música é um aparecimento súbito e quase inclassificável. Alexandre explica que a essência da banda é e sempre foi “experimentar”. “Não precisamos provar nada pra ninguém, então vamos tentar de tudo. No meio do show até trocamos de instrumentos. E o nome da banda vem daí. É um monstrinho sem medo de ser esquisito”.

O Little Monster armou uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar a turnê, que já passou por Curitiba e, depois do Recife, segue para Natal, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. O show de hoje no Edifício Texas ainda conta com discotecagem das bandas Kalouv, Amandinho e da produtora Trama. Já terça-feira, no Rock na Calçada, será um minifestival, com as pernambucanas Diablo Angel, Alma Blindada e Sublima.

PONTE MUSICAL ENTRE BRASIL E CHINA

Além do EP junto com Negro Leo, lançado pela Genjing Records, a Little Monster organizou em seu Bandcamp a coletânea 12 Bandas Independentes Chinesas para Você Conhecer, que inclui tanto grupos com anos de estrada (caso da Snapline, “a banda com maior legado no país”,segundo Alexandre) e outras mais novas (como a Your Boyfriend Sucks, do Cantão). A seleção está disponível no site www.littlemonsterband.bandcamp.com.

O projeto é o primeiro passo na construção de uma ponte entre a música do Brasil e China. “O pessoal de cá e de lá têm uma visão muito distorcida dos países e das cenas”, comenta Alexandre. “Então eu apresentei algumas bandas brasileiras pro pessoal do selo Maybe Mars, de Pequim. Eles piraram e estão negociando pra levar o Negro Leo e a Ava Rocha pra tocar lá. E no ano que vem o pessoal do Maybe Mars vai pra São Paulo com as bandas do selo”, antecipa Alexandre.

Mas outra banda chinesa já estará presente no Brasil desta vez. Trata-se do trio de pós-punk Old Aunties, que tocará junto com a Little Monster, Negro Leo e o duo Gorduratrans no Rio de Janeiro.

SERVIÇO

Show Little Monster – Hoje, às 20h, no Edifício Texas. Gratuito.

Rock na Calçada: Edição Especial Made In China – Terça-feira (9), às 20h, no bar A Sede. Ingresso: R$ 10 (convertido em uma long neck).

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