MÚSICA

La Esencia Instrumental nasce para ser a casa da música instrumental pernambucana

Projeto apresentará quinzenalmente uma grupo autoral em show no restaurante Barrozo

GGabriel Albuquerque
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GGabriel Albuquerque
Publicado em 08/09/2016 às 9:15
Foto: Cellio Tomaz/ Divulgação
Projeto apresentará quinzenalmente uma grupo autoral em show no restaurante Barrozo - FOTO: Foto: Cellio Tomaz/ Divulgação
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“É impressionante como escutamos e reproduzimos o discurso de que Pernambuco é um celeiro musical, mas se quisermos consumir a música feita aqui, não encontramos onde. Ou seja, somos um grande celeiro produtor, mas não consumidor da própria música. E dessa forma não há mercado que se consolide”, diz a produtora Laura Proto. “Costumamos escutar de amigos que foram a São Paulo, ao Rio ou a Nova York como foi incrível a experiência de ir a uma casa tradicional de jazz ou chorinho. Mas e aqui em Recife? Onde podemos assistir a um show de música feita em Pernambuco com frequência?”. 

O La Esencia Instrumental chega com o propósito de ser o lar da música instrumental autoral do Estado. Sempre às quintas-feiras, o projeto apresentará shows quinzenais no restaurante Barrozo, na Rua da Aurora, unindo a música e a gastronomia em bufê concebido por Ana Paula Góes.

As duas apresentações de setembro já estão definidas: hoje, às 19h, o pianista Amaro Freitas faz o lançamento do álbum Sangue Negro. Já no dia 22 é a vez do Baruí Quarteto, que mostrará sua abordagem jazzística do frevo.

Depois de trabalhar como produtora da Spok Frevo Orquestra e passar pela Gerência de Desenvolvimento Institucional do Paço do Frevo, Laura começou a idealizar o projeto. Observou que, apesar da diversidade artística local, faltavam espaços para suas apresentações, algum lugar que contasse com programação regular e frequente que pudesse se tornar referência da música autoral. 

“Garanto que não é por falta de músicos, qualidade técnica ou produção de alto nível. É por falta de espaços dedicados e hábito”, opina a produtora. Amaro Freitas completa: “Acho que a música de Pernambuco é e sempre foi um celeiro de talentos, mas a grande maioria do pessoal não tem espaço para tocar. Meu último show foi no Mundo Lá de Casa, na Encruzilhada, um lugar para cerca de 30 pessoas. E deu 47 pessoas, todo mundo se apertou pra ver o show”.

“Meu sonho é que um músico não precise ir morar no Sudeste ou fora do país para projetar sua carreira”, diz Laura. “Temos autenticidade, ancestralidade e uma música singular, muito em função das diferentes culturas que formaram o nosso povo. O que fazemos tem uma identidade marcante e é isso que queremos evidenciar”, conclui.

SANGUE NEGRO

O show de Amaro Freitas marca o pré-lançamento do CD Sangue Negro, a ser lançado em novembro. “O disco tem uma ideologia: é trazer os elementos da música popular pernambucana para os instrumentos eruditos (piano, baixo acústico e bateria). Se a gente pensar no frevo, também no samba e no maracatu, eles geralmente são tocados em instrumentos de percussão, corda, sopro, mas é raro você ouvir isso no piano. Não é tão comum”, explica o pianista.

Influenciado por mestres como Moacir Santos, a sonoridade é construida sob três pilares: ritmos brasileiros (em especial os oriundos da música afro), a liberdade do improviso jazzístico e aquilo que Amaro chama de “música criativa”, ou seja, sem definição de gênero. No show, ele será acompanhado por Hugo Medeiros (bateria) e Jean Elton (baixo acústico). Conta ainda com participação especial do trompetista Fabinho Costa. 

Além das composições autorais, Amaro também interpreta em piano solo a música Luiza, de Tom Jobim. O repertório também deve incluir mais uma releitura: Lamento Sertanejo, clássico de Dominguinhos, que integra a tracklist do CD.

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