HIP HOP

'Subversiva', primeiro álbum do Poder Feminino Crew, chega em 2017

Com produção do DJ Novato, registro trará letras sobre machismo, racismo e negligência social

NATHÁLIA PEREIRA
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NATHÁLIA PEREIRA
Publicado em 07/12/2016 às 7:00
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Com produção do DJ Novato, registro trará letras sobre machismo, racismo e negligência social - FOTO: Foto: Divulgação
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Caminhando para o terceiro ano de atuação musical e social, o coletivo pernambucano de hip hop Poder Feminino Crew, o PFC, prepara o primeiro disco da carreira, previsto para chegar em formato digital durante o primeiro semestre de 2017. Nomeado Subversiva, o trabalho vai compilar versos sobre realidades que as integrantes Lady Laay, Strega, Nathê, GiStyle, Anne Badu e Mari Tedesco conhecem bem: machismo, racismo, negligência social. O título sugerindo enfrentamento carrega um trocadilho proposital entre as sílabas. 

“‘Sub’ se relaciona com a posição subordinada na qual a sociedade machista ainda tenta por a mulher. ‘Versiva’ é sobre fazermos versos que transformam nossas dores e lutas em letras que, além de dar voz às minorias, buscam subverter essa realidade de opressões na qual estamos inseridas”, dispara Laay, MC e uma das fundadoras do PFC.

“Já presenciei mulheres tendo o microfone cortado em eventos de rap para os quais não foram chamadas. A discriminação acontece de forma velada, quando ignoram o que fazemos, e declarada, quando nos atacam dessa forma. Muitos reclamam de invisibilidade para o rap nordestino, mas fazem o mesmo conosco. Então, estamos respondendo através de músicas como DISSrespeito à Mulher, que lançaremos em breve”, diz ela.

Com as letras já escritas, o álbum tem ganhado beats e produção do DJ Novato, integrante do selo In Bolada Records. A estreia chega sem amarras, unindo batidas tradicionais a elementos mais dançantes, como o ragga. Paralelamente às criações musicais, elas ensaiam novas coreografias, mesclando danças urbanas aos passos de ritmos regionais, como o frevo, e à dança contemporânea. Os movimentos com tom de encenação pretendem reforçar as denúncias que fazem nas músicas e desenhos.

O PFC foi se moldando, quando surgimos éramos apenas um coletivo de grafite, mas as necessidades, a hostilidade, o ambiente difícil, fizeram a gente perceber que nosso trabalho poderia ser arma pra enfrentar isso. Ainda existem disputas e precisamos lutar contra isso o tempo todo. Estamos todos em constante desconstrução”, afirma Laay.

DJ Novato

DJ Novato (foto) assina a produção e os beats de 'Subversiva'

Subversiva ainda tem pela frente um caminho de produção que esbarra na independência e nos demais compromissos das garotas, estudantes e profissionais de outras áreas, mas já integra um trio de trabalhos que prometem vigorosos discursos. O álbum chega no mesmo ano em que serão lançados Vivona, do grupo Donas, e Sempre Com a Frota, do projeto Arrete, ambos formados por pioneiras da cena rap feminina em Pernambuco.

AUDACIOSA

Analista de Sistemas, grafiteira, bgirl e MC, Lady Laay também tem se dedicado ao preparo de um EP solo, Audaciosa. Mais uma parceria com o DJ Novato, o registro, ao contrário do disco com a crew, tem chegado em doses homeopáticas na internet. Cada uma das seis faixas será lançada como single no YouTube, o que já foi feito com Quantos Inocentes Ainda Vão Sangrar? e Subversão Feminina.

Nesta última, Laay reforça a ampliação do discurso proferido por rappers brasileiras de que, unidas, como artistas e cidadãs, as barreiras a serem ultrapassadas se tornam bem menos intimidadoras. “Mulheres unidas na luta / Chega de disputa / Vítimas da mesma opressão / Se liberta, me escuta/ Porque donas de si serão sempre chamadas de puta / Sempre vão lhe condenar / Seja de saia curta ou burca”.

Até o fim de semana ela aparece em mais um lançamento, o clipe de NM Cypher - Ep 01: Minas, música criada junto às MCs Camila Rocha (PB), Arielly (AL), e Lili Bélica (RN). “Será um grito de desabafo. Nordestinas também existem”, encerra.

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