“O casamento realizado pelo poder econômico entre o Estado e a mídia gerou incontáveis frutos. Uma prole maldita que se reproduz a cada noticiário, capa de jornal e narrativa mórbida da rádio matinal”. Este texto introduz o EP Prole, primeiro trabalho da banda pernambucana Matakabra.
“Não dá para pensar o disco sem pensar ideologicamente”, afirma o baixista Rafael Coutinho. “Eu e o guitarrista Blico Paiva temos uma visão bem de esquerda. Rodrigo Costa, que escreve, tem uma visão mais apolítica, mas a gente passa por certas coisas vivendo em subúrbio e ele consegue colocar o cotidiano na música. A gente procura retratar como nos sentimos em relação à violência e em relação ao modo como ela é mostrada, como isso nos afeta. Quando você liga num Datena, o que tá rolando é a prole que eles mesmos criam. É um discurso para você sentir medo”, detalha.
Sonoridade
A temática do disco combina bem com o death metal explosivo do grupo. Influenciadas por bandas como Gojira, Suicide Silence e Messugah, as três músicas do EP são avalanches de peso e distorção. Em Pesadelo, a guitarra ataca o ouvinte com diversos ganchos. Em Prole, sobressai o vocal gutural, mas há também uma participação inusitada: o teclado de Bruno Saraiva, da banda de post rock Kalouv.
“Bruno já era do metal e por saber que ele tem esse gosto eu sabia que ia encaixar muito bem. Não só como teclado, mas pela personalidade. “O teclado que ele faz não é um teclado típico do black metal ou do metal sinfônico, é totalmente diferente, uma coisa própria”, observa.
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Em novembro, a Matakabra fez sua primeira turnê, que passou por Salvador, Aracaju e João Pessoa. Em janeiro, a banda tem shows marcado em Surubim (dia 13), Maceió (14) e Recife (15).“O metal é muito forte nessa cena mais antiga de black metal, death, thrash, mas não nesse metal mais moderno. Nossa ideia é criar criar essa rede e contar com pessoas em cidades diferentes pra criar uma sequência de shows”, diz Rafael.