Turnê Meu Canto

Relato de um jornalista fã da cantora Sandy

Repórter de Cultura do JC descreve seu lado fã em busca de uma foto e um autógrafo de sua artista predileta, tentando conciliar o compromisso com a profissão

Robson Gomes
Cadastrado por
Robson Gomes
Publicado em 18/03/2017 às 10:30
Foto: Instagram/@robinhogomesrg/Reprodução
Repórter de Cultura do JC descreve seu lado fã em busca de uma foto e um autógrafo de sua artista predileta, tentando conciliar o compromisso com a profissão - FOTO: Foto: Instagram/@robinhogomesrg/Reprodução
Leitura:

Atenção: Se você não entende o significado da palavra fã, é melhor parar de ler o texto aqui. O que vai ser relatado a seguir são cenas fortes de alguém que admira uma artista há 16 anos e, finalmente, teve a chance de ter um momento ao lado dela, buscando um olhar (confere!), um sorriso (confere!), um autógrafo (mesmo no século 21, mas confere!) e uma foto (meu Deus, nem acredito, mas isso confere também!).

Recife, 17 de março de 2017, 18h30. Saio do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação para mais uma pauta para o Jornal do Commercio. Correção: "a" pauta. O jornalista do caderno de Cultura em questão faria a cobertura que ele sempre quis fazer: o show da cantora Sandy, no Teatro Guararapes. No carro, Gabriele Lima, repórter-estagiária do Blog Social 1, do NE10, e o nosso fotógrafo, Guga Matos. 

Antes de chegar no Centro de Convenções, abri o jogo com o nosso profissional fotográfico, que saía comigo para uma pauta pela primeira vez: "Guga, sabe que você tá acompanhando dois fãs loucos pela Sandy, né?". "E é?", respondeu. Daí a gente se danou a contar de nossas aventuras de fãs malucos, que começa desde os tempos longíquos da extinta dupla Sandy & Junior. A conversa só não se estende porque inventei logo de fazer um pedido: "Guga, depois da coletiva, vamos tentar uma foto com ela. É nossa grande chance. Depois que terminar tudo, tu cola na gente que a gente consegue". Fiquei pensando: "O que ele deve tá pensando de mim nesse momento?", mas logo me respondi: "Dane-se, é minha grande chance, não custa nada tentar".

Chegamos no Teatro Guararapes. Credenciamento? Ok. Pulseirinha de imprensa com o nome da Sandy? Ok. (E sim, estou escrevendo esse texto, no dia seguinte, usando ela, porque ainda não quis tirar) Ao entrarmos no local do show, meus olhos arregalaram ao ver de perto o cenário da Turnê Meu Canto. Para melhorar, a banda da Sandy (ao qual sei os nomes de todos de cor) estava passando o som. Eles estavam tocando Perdida e Salva, e eu lá cantando, já feliz só por estar ali.

Quando sentamos na primeira fileira para aguardar a coletiva, tinha uma repórter e uma produtora de TV. Chamei Gabi para sentar duas cadeiras depois dela, pra gente fofocar e tietar a banda entre a gente, já que sabíamos que não poderíamos entregar o lado fã. Ledo engano. Elas também eram, também estavam cantando, e nós nos juntamos a elas, cantando Ela/Ele, All Star, Respirar e tantas outras que eles tocavam, mesmo que em pedacinhos.

Mas bastava a assessora da Sandy se aproximar ao longe que a gente tentava retomar a pose de jornalistas. Ficávamos sérios. Eu tentava fingir que estava escrevendo algo no bloquinho, que seriam as minhas possíveis perguntas para a cantora. E de fato eram. Mas a cabeça já não raciocinava friamente como deveria.

A assessora falou com a gente umas duas vezes antes de chamar para a improvisada "sala de imprensa". E quando foi o momento de entrar no local da conversa entre jornalistas e a própria Sandy, o iceberg que tinha formado no meu estômago começava a ficar mais intenso. Só de ver de perto o backdrop (painel) SANDY - MEU CANTO, eu já queria gritar por estar tão perto.

De repente, um aviso: "A Sandy vai passar o som rapidinho e já vem falar com vocês". A gente seguia aguardando. Meu fotógrafo saiu por uns instantes da sala de imprensa e depois disse, discretamente: "Robinho, vem aqui, por favor". Atendi. Quando saí da sala, que dava direto para o palco, vejo Sandy, a poucos metros de mim, ajeitando o retorno de seu ouvido e a caixa de microfone para passar o som. Linda, como sempre. Mas não reajo. Nem poderia. Quem estava ali era o jornalista. Tive que ficar quietinho para não ser chamado a atenção como intruso e voltar para o meu lugar. E aí, ela começa a passar a música Sim. Assisti tudo calmamente, mas não crendo no que estava vendo. Nisso, chega outra colega jornalista na coletiva, tão fã quanto eu. Tão sem estrutura quanto eu. E eu disse: "Fica aqui, mas fica quieta". E assim, a admiramos juntos, incrédulos por tamanha proximidade com nossa artista querida de longa data. 

#JCCultura Um trecho da passagem de som de @sandyoficial no Teatro Guararapes. Ela canta "Sim". #SandyNoRecife #TurneMeuCanto

Uma publicação compartilhada por Jornal do Commercio PE (@jc_pe) em Mar 17, 2017 às 4:52 PDT

Procurei me focar na coletiva e voltei pra sala, mas ouvindo a doce voz dela ali do lado passando algumas músicas do show, até que a banda começa a passar por nós. Era o fim do ensaio. "A Sandy está vindo", avisou a assessora. Respirei fundo.

Até que: "Oi, gente, boa noite". O coro de jornalistas (incluindo a mim, claro) e fotógrafos responderam a ela. A Sandy. A própria Sandy. Que já olha para o backdrop e, perfeccionista como sempre, se incomoda com a configuração de luz do painel para auxiliá-la nas fotografias. "Eu já falei que eu não gosto assim", disse ela. A chamada de atenção da cantora não seria tão surpreendente se ela mesma se agachasse para resolver o problema. "Peraí, deixa eu ajeitar". Fiquei admirado pela iniciativa dela e pensando: "Nossa, ela também entende de iluminação!". Ainda tive cabeça para cochichar para Gabi: "#SandyIluminadora". (risos)

Problemas de luz resolvidos por ela mesma, meu fotógrafo passou a clicar a Sandy. Ele começou a mostrar como estava saindo a imagem dela, que verificava e dava seu ok. Ela verificou de outro fotógrafo também. Quando se sentiu a vontade, ostentou pose e sorriso (como se ainda precisasse) e se submeteu a chuva de cliques que está acostumada há mais de 20 anos de carreira.

Começa a coletiva. Jornalistas em volta dela. Eu com meu celular em punho, celular do jornal, e ainda meu bloquinho, caneta e... o meu kit especial Meu Canto Deluxe e um marcador preto, para pedir um autógrafo assim que fosse pertinente. A conversa é rápida, dura menos de 10 minutos. Quando fiz a minha pergunta, fiquei admirado com a verdade dela, olhando diretamente pra mim e respondendo lindamente. Ainda bem que eu tava gravando o áudio, porque senão, nem lembraria o que perguntei, tampouco a resposta.

Também preciso colocar, com absoluta certeza, que de todos os jornalistas ali presentes, 80% eram fãs dela. Fãs mesmo. A prova disso foi quando a coletiva se deu por encerrada. A maioria desceu do pedestal e tentou arrancar da Sandy o seu "fragmento de vida" com ela. Comigo não foi diferente, mas o meu nervosismo naquele momento foi bem maior do que estar ali entrevistando-a do meu lado. Era hora do grande plano "Foto + Autógrafo" entrar em ação!

CORRIDA CONTRA O TEMPO

Gabi foi ligeira. Como ela era a mais próxima dela, agarrou na cintura de Sandy pedindo uma foto, e ela de pronto atendeu. A assessora tentou cortar a tietagem: "Se for foto individual, acho que não vai rolar". Ensaiamos uma foto coletiva, eu já nem sabia mais o que fazer achando que eu não ia conseguir, não tava mais raciocinando direito. "Vai, Robinho pralí", falava meu fotógrafo, pra me juntar na foto coletiva. Fui rapidamente. Me agachei na frente dela. A foto valeu, mas não tava satisfeito. Decidi insistir.

Terminou a foto coletiva, eu disse: "Sandy, tira uma comigo, por favor!". E ela disse: "Tiro". E eu desesperado: "Bora, Guga!", pro meu fotógrafo. Ele, rápido no gatilho, disparou os cliques. Nem tinha calculado o meu sorriso, se tinha saído direito. Tava nas mãos da sorte. Objetivo 1 concluído. Pedi o autógrafo logo em seguida. A cantora pegou o meu Meu Canto Deluxe e perguntou: "Qual o seu nome?", eu disse: "Robson". Repeti, tava barulho. Ela entendeu. Começou a escrever. Errou na hora de grafar o "s", mas isso era o mínimo. O "Beijão, Sandy" depois do meu nome sacramentou tudo. Eu disse: "Obrigado". E ela reparou: "Nossa, você tem o Deluxe, né?", e eu apenas afirmei. A admiração dela é que esse kit é limitado e numerado. Existem apenas 999 disponíveis. O meu era o 312.

Troquei sorrisos, me afastei dela. "Esta hora eu deveria estar jantando", justificou Sandy sobre a pressa em sair dali. Meu coração começou a disparar. Minhas mãos estavam trêmulas. Eu não tava acreditando no que acabara de acontecer. Passei 16 anos esperando por um momento desses e ele aconteceu da maneira mais natural possível, através de meu trabalho, que quem me conhece sabe, sempre foi o meu sonho.

Eu queria gritar, comemorar, chorar, falar para muitos amigos o que eu tinha acabado de conseguir. Mas precisava me recompor. Ainda tinha mais 90 minutos com Sandy. Agora, como espectador da sexta fila da Plateia A do Teatro Guararapes. A ficha mesmo daquela noite, ainda não caiu. Quem sabe um dia eu volte a ler esse texto para confirmar que os sonhos sim podem ser realidade. E mais: parafraseando a minha editora do JC, Flávia de Gusmão, "existem anjos que protegem fãs". E eu posso dizer que fui mais que protegido e agraciado por eles naquela noite. "O universo inteiro conspirou". Obrigado, Sandy!

Últimas notícias