Festival de Garanhuns

Ednardo, Rô Rô, Tulipa e outras estrelas ensaiam Tributo a Belchior

Show dirigido por Juliano Holanda acontece na sexta-feira

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 19/07/2017 às 19:43
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Show dirigido por Juliano Holanda acontece na sexta-feira - FOTO: Divulgação
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Ednardo chegou meia hora antes de seu horário combinado para ensaiar no estúdio. “É uma honra e também uma alegria poder participar dessa homenagem a meu grande amigo. Eu fui o primeiro a gravar Palo Seco e vi Mucuripe nascer ao lado de Fagner, do Bar do Anísio (famoso ponto de encontro da hoje mítica cena cearense do final dos anos 1970)”, diz o autor do clássico cordel psicosdélico Pavão Mysteriozo (1974), sobre as canções que escolheu para o Tributo a Belchior que marca a noite de abertura de shows no Palco Dominguinhos, amanhã, no 27º Festival de Inverno de Garanhuns. Morto aos 70 anos recentemente, Belchior é o grande homenageado do evento.

Antes das 16h, Ednardo estava com outros colegas cantores à espera de entrar no estúdio do Paço do Frevo, no Recife Antigo, para ensaiar com a banda comandada pelo pernambucano Juliano Holanda para o tributo. Entre novas e velhas vozes, o grande concerto-tributo a Belchior reúne, além do cearense, Angela Rô Rô, Lira, Cida Moreira, Tulipa Ruiz, Isaar, Fernando Catatau, Juvenil Silva, Renata Arruda e Gabi da Pele Preta. É a primeira vez que Ednardo canta em Garanhus. “Sei que é um dos maiores festivais do País. Nunca pude vir antes, apesar dos convites que recebi”.

A direção geral do espetáculo é do onipresente Juliano Hollanda, responsável pela produção de nove entre dez discos na nova música contemporânea de Pernambuco - hoje, por exemplo, Hollanda toca e produz o show de Isadora Melo e convidados que abre oficialmente o FIG. Numa pausa para um copo d’água, Juliano diz que a ideia é reverenciar, mas também subverter musicalmente o ídolo Belchior.

“Algumas canções terão os arranjos mais próximos do original; outras, serão rearrajandas para se aproximar do jeito do intérprete cantar”, diz ele. Fazendo muito sucesso na cena alternativa do Recife com o projeto A Banda dos Corações Selvagens, dedicado integralmente à obra de Belchior, Juvenil Silva foi o primeiro a ensaiar. “Não só a música dele, como a filosofia têm me interessado muito”, diz ele, que defende, no show, uma versão de Coração Selvagem com uma ligeira “citação” a Rapaz Latino-Americano.

Logo depois de Juvenil, Isaar ensaiou sua versão atmosfericamente mais relaxada para Medo de Avião. ”Cresci ouvindo Belchior, mas nunca me imaginei cantando uma canção dele”, disse Isaar. “São canções tão clássicas que, ao ensaiar, nem precisei ler a letra. Ela foi saindo”, ri Isaar.

RÔ RÔ

"Tudo bem, Rô Rô? Quanto tempo!”. Com dois beijinhos e uma breve troca de piacas, Ednardo cumprimentava a veterana colega de MPB escalada para cantar Paralelas no show - inicialmente convidada para fazer a canção, Vanusa não pôde aceitar por um problema recente de saúde. “Belchior é um gênio”, dizia Rô Rô, os cabelos assumidamente brancos e o humor de sempre. “Vamos lá, minha gente. Me ajuda, que eu tô sem pai, nem mãe aqui!”, dizia ela, tentando encontrar o tom da canção diante da banda.

Tulipa Ruiz também estava feliz com seu repertório. Uma das canções é a pouquíssimo conhecida Passeio, uma canção afetiva sobre a geografia dos bairros paulistanos. “Conheço e vivo essa letra”. Assim como Lirinha, que tem Belchior como elemento de formação e identificação: "Sua maneira de interpretar, entre o canto e a récita".

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