Música eletrônica e negócios

Sony e HUB Records juntas: o avanço da música eletrônica brasileira

A gigante norte-americana da indústria fonográfica uniu forças com o jovem e mais forte selo de música eletrônica brasileira

JEFFERSON SOUSA
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JEFFERSON SOUSA
Publicado em 24/09/2017 às 8:00
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A gigante norte-americana da indústria fonográfica uniu forças com o jovem e mais forte selo de música eletrônica brasileira - FOTO: (Foto: Divulgação)
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“A música eletrônica vem crescendo muito nos últimos anos e recentemente quebrou paradigmas com artistas nacionais aparecendo em charts [listas de músicas mais tocadas] no mundo inteiro em posições de destaque”, contou Renê Lavradas Jr., diretor artístico da Sony Music, quando perguntado sobre o motivo de uma das maiores gravadoras do mundo estar se interessando pelos artistas brasileiros do gênero.

Os planos da gigante norte-americana são claros e tradicionais no mercado fonográfico: fortalecer a cena nacional, alcançando mais público para seus artistas. Para isso, a Sony fechou parceria com o jovem e mais forte selo de música eletrônica brasileira, HUB Records.

Responsável por lançar recentes sucessos de artistas eletrônicos nacionais, a HUB chama atenção pelas conquistas. Segundo uma pesquisa do Redbull (publicada na primeira metade de setembro deste ano), que elencou os 500 artistas brasileiros mais ouvidos em streaming no mundo dentro de 30 dias, todos os quatro nomes assinados pela HUB apareceram na lista, contabilizando, somente no Spotify, 636 mil (Evokings), 430 mil (Felguk) e 255 mil (JØRD), além do duo carioca Cat Dealers, que foi mais ouvido do que artistas como Gilberto Gil, Roberto Carlos, Elis Regina e Legião Urbana ao ultrapassar um milhão e 300 mil cliques mensais.

A estrangeira com sede no Rio de Janeiro vem se tornando querida pelos artistas eletrônicos nacionais por conta de seu empenho em facilitar a produção e distribuição de músicas do gênero. Em agosto deste ano, por exemplo, a Sony fechou um histórico acordo para liberar bootlegs – remixes, edits e versões não oficiais de músicas catalogadas com copyright de grandes gravadoras – às plataformas de streaming, acabando com o grande empecilho que muitos artistas enfrentam ao tentar se lançar em serviços como Spotify e Apple Music. Há quem aponte a decisão como perigosa, alegando que a ação pode fomentar a possibilidade de que um material menos qualificado passe a ingressar nos sistemas, mas, quanto a isso, Lavradas garante que “o conteúdo vai continuar passando pelo critério de seleção artística como qualquer outro lançamento anterior.”

Logo no primeiro lançamento da HUB/Sony, a música Sober do Cat Dealers e Santti ultrapassou um milhão de streams em menos de um mês, desdobrando-se em um videoclipe cinematográfico da música que estreou no TVZ do Multishow e entrou no catálogo da MTV e Mix TV.

Em uma época onde o consumo musical se altera mais rápido do que a quantidade de batidas por minuto em uma track de sucesso, seguir qualquer centímetro à frente do habitual é, no mínimo, uma qualidade admirável. “Em tempos de convergência, a Sony conseguiu acompanhar essa nova fase, possuindo uma curadoria (Filtr) que vem trabalhando com grande destaque e se empenhando em colocar o conteúdo nas principais playlists no mundo. As perspectivas já eram boas, agora com a HUB, elas são ótimas”, completou Lavradas.

Hoje, às 23h59, o Cat Dealers se apresenta no palco Eletrônica do Rock In Rio 2017.

HUB Music Group

Sony e Hub

(Da esquerda pra direita: Marcello Azevedo, Renê Lavradas Jr., Felippe Senne, Paulo Junqueiro, Albie Bahia, Rafael Brahma e Bruno Batista)

O selo nasceu da HUB Music Group, uma holding que tem 4 sócios: Felippe Senne (A&R/ marketing), Rafael Brahma (relações públicas/ marketing), Marcello Azevedo (gestão/ big business) e Albie Bahia (comercial/ networking/ bookings). As marcas do grupo, além da HUB Records, são: Boost Mgmt, agência de empresariamento e gestão de carreira de artistas de música eletrônica; e HUB Publishing, a editora que cuida dos direitos autorais das músicas lançadas na HUB e/ou das músicas de outros artistas que empresariam.

Convidado pelo sócio na agência de manegement, Felippe Senne, Albie Bahia se juntou com a Sony e os empresários Marcello Azevedo e Rafael Brahma para criar um selo potente e segmentado. "Muitas conquistas, playlists e destaques que demoraríamos meses ou até anos para conquistar, estamos conseguindo já nos primeiro lançamentos, com certeza sem a Sony a jornada seria muito mais demorada. Hoje um lançamento da HUB está batendo de frente com muitos outros estilos que são mais populares no Brasil, como o sertanejo e o pop", aponta Albie.

Assim como apontado por Albie, o gênero nunca esteve tão estabelecido no mercado fonográfico. "A musica eletrônica já ocupa uma posição relevante no show business mundial, consequentemente, surge a necessidade deste segmento ser cada vez mais profissional. É desse tipo de necessidade que nascem projeto tão especiais e com crescimento exponencial como a HUB", ressaltou Marcello Azevedo.

"Queremos levar os brasileiros do gênero para os holofotes. Já começamos a conseguir um pouco disso, mas o caminho é longo. Acredito que, com o tempo, vamos ver mais jovens ainda largando a vontade de ter bandas e guitarras para se tornarem Djs/produtores, não é a toa que artistas como Cat Dealers, Alok e Vintage ganham mais fãs em ritmo frenético", Rafael Brahma.

Em paralelo ao grupo, mas pertencente apenas ao Felippe Senne, existe o Make Music Now, que é um curso que funciona tanto para educar pessoas interessadas em aprender a produzir música eletrônica, quanto também tem utilidade como celeiro para encontrar novos talentos para ser investido. Dealers e JØRD são só alguns exemplos de ex-alunos bem-sucedidos do curso.

“Nesse momento, estamos apostando em músicas que tenham sonoridades mais inovadoras em sua produção, e que possuam vocais com vibe mais indie-rock, mais cool, porém tendo apelo mainstream e potencial comercial, música que possa rolar tanto nas pistas de dança mais exigentes, mas que também funcionem pro streaming e programação de rádio”, revelou Felippe Senne.

"A união com a Sony Music Brasil literalmente transformou a HUB Records num grande selo da noite pro dia. Hoje temos todo o poder de fogo da Sony a nosso favor, seja em investimentos, destaque nas principais plataformas, abertura com a grande mídia, e uma equipe muito competente trabalhando lado a lado com a nossa”, pontuou Senne, antes de completar ressaltando que o seu principal objetivo sempre foi fortalecer a cena e que, hoje em dia, permanece mais do que nunca preparado para acontecer: “A proposta principal da HUB atualmente é de dar combustível para o progresso e desenvolvimento da música eletrônica nacional, queremos que as coisas evoluam, novos sons venham à tona, portanto não iremos lançar sonoridades ou fórmulas já desgastadas, queremos ‘lançar o futuro’ e ditar novas tendências.”

Na próxima sexta-feira (29), a HUB lança mais um novo single do Cat Dealers - em parceria com a Groove Delight.

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