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Tetê Espíndola lança Outro Lugar na Rouge

Disco tem canções inéditas de várias épocas

JC Online
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Publicado em 13/10/2017 às 11:42
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Disco tem canções inéditas de várias épocas - FOTO: foto: divulgação
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O predomínio de um só gênero musical na imprensa, com eventuais fenômenos incensado nas mídias digitais, leva a crer que artistas de carreiras longevas afastaram-se dos palcos, ou se mudaram para o exterior. É o caso, por exemplo, da mato-grossense Tetê Espíndola, que não só continua na estrada como está com o pé no acelerador. Em 2016, esteve aqui com uma temporada de cinco shows no Caixa Cultural.

 Voltou esta semana, a convite do Sesc, para participar, em Caruaru, do projeto Leão do Norte (com o tema Protagonismo Feminino na Música Brasileira). Aproveitou para esticar até o Recife para divulgar mais um disco, o 18º, o recém-lançado Outro Lugar, com uma sessão de autógrafos hoje, na Passa Disco, no Espinheiro, e um show amanhã, na Rouge, na Praça de Casa Forte.

 Com a liberdade que a independência proporcionou ao artista, sobretudo aos que não estão amarrados a compromissos comerciais, Tetê Espíndola montou um repertório conceitual, brincando com tempo e espaço: “Nos últimos anos estou mexendo muito no meu material, tem muita coisa. Comecei a mexer nos caderninhos antigos, tem um monte, tudo escrito a mão. Comecei a procurar músicas. Queria gravar a música de Geraldo Espíndola, Itaverá, e aí a encontrei, recuperei esta exatamente da época que comecei a tocar craviola.

 Em 2015, folheando os cadernos, caiu uma folhinha amarela de um deles. Uma letra que Arrigo Barnabé fez pra mim, quando a gente se conheceu em 1979. Eu musiquei esta letra, aí vi que achei o conceito, que seria lugares diferentes, tempos diferentes, não necessariamente de um passado longínquo. A canção de Pé de Vento é de 2015, iniciada com uma conversa entre Tetê Espíndola e a parceira Marta Catunda. Foi composta pelo Skype, uma em São Paulo, outra em Sorocaba. De uma conversa entre amigas, Tetê se inspirou para compor Aconchego, segundo ela a música mais simples que já fez na craviola.

 Também com Marta Catunda e feita há dois anos é Onda do Tempo. A inspiração veio de um antigo vídeo da Banda Sabor de Veneno, que acompanhava Arrigo Barnabé nos anos 80, “A saudade bateu e saiu um chorinho”, diz Tetê Espíndola. “As músicas foram aparecendo, cada uma de uma época, e o disco foi se formando”.

 CRAVIOLA

 Paulinho Nogueira (1929/2011) foi inventor da craviola, um instrumento muito popular nos anos 70 (Jimmy Page do Led Zeppelin, em concertos, tocou Stairway to Heaven numa craviola) e que Tetê Espíndola adotou assim que começou a aprender música: “Eu só toco craviola, não toco violão. Realmente, a craviola foi uma moda. Os caras dos Estados Unidos vieram aqui conhecer levaram pra lá. Ela é como um violão de doze, só que tem um timbre único, metálico, e tem uma oitava a mais do que o violão normal. Tem um som assim agudo, eu me acostumei tanto que só componho com craviola”.

 No disco o timbre da craviola pode ser escutado ao lado instrumentos pouco comuns à música brasileira, cítara e tamboura indianas (por Tuco Marcondes), e harpa paraguaia (Marcelo Loureiro).Geralmente lembrada pela canção Escrito nas Estrelas (Arnaldo Black e Carlos Rennó), que venceu o Festivais dos Festivais, promovido pela Rede Globo em 1985, a música foi um hit e tornou a cantora conhecida nacionalmente. Mas sua carreira está perto de completar 40 anos, contando do álbum Tetê e o Lírio Selvagem, de 1978. Foi uma das cantoras da cultuada Vanguarda Paulistana, sem gravar pelo selo Lira Paulistana (seus primeiros álbuns saíram pela RCA).

 Assim como todos os movimentos musicais, a VP passou rápido, deixando raízes e vertentes, Tetê Espíndola enveredou por várias, mas sempre ligadas às próprias raízes no Mato Grosso. A música sertaneja pop, universitária, espalhou-se do Centro-Oeste para o Brasil. Mato Grosso hoje é conhecida como a terra dos ídolos do gênero – Luan, Michel Teló, João Bosco e Vinicius saíram de lá. Diplomaticamente, Tetê Espíndola não tece críticas aos sertanejos, mas aplica-lhes sutis alfinetadas: “Acho que é uma coisa da mídia, a música do Mato Grosso, continua, fazendo arte, fazendo boas músicas. Nada contra sertanejos, mas acho que a história deles é negócio de mídia. Por que botam uns pra tocar e outros não? Não importa, a gente continua a fazendo aquilo em que acredita”.

 SHOW

 Na Rouge, amanhã, Tetê se apresenta na base de voz e craviola. “Meu lugar tem um repertório naturalmente ecológico, romântico, com um leque que vai desde o pop até a música oriental, passando pelo chorinho, pelo jazz, pelo blues. Assim qualquer música que eu inclua dos meus outros trabalhos vai combinar. Dos outros trabalhos ela selecionou, entre outras Chapada (de Tetê e Carlos Rennó), Sertaneja (Renne Bittencourt), Escrito nas Estrelas (Arnaldo Black e Carlos Rennó) e Ibiporã (Arrigo Barnabé). l Lançamento do disco Outro Lugar, de Tetê Espíndola, hoje, na Passa Disco, Galeria Hora Center, Rua da Hora, Espinheiro. Show na Rouge, Praça de Casa Forte, 570,

 

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