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Raquel Tavares canta Roberto Carlos com um toque de fado

Repertório foi escolhido pela cantora e pelo produtor Max Pierre

José Teles
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José Teles
Publicado em 06/12/2017 às 14:12 | Atualizado em 21/02/2022 às 14:20
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Repertório foi escolhido pela cantora e pelo produtor Max Pierre - FOTO: Foto: divulgação
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Alguns dos principais nomes da música portuguesa têm dedicado à música do Brasil discos que não se pautam pelos ditames do mercado. Em 2016, a fadista Carminho gravou um álbum com composições de Tom Jobim, com participações de Marisa Monte e Chico Buarque. Este último teve sua obra visitada por Antonio Zambujo, no elogiado CD Até Pensei que Fosses Minha, também em 2016. Maria João, poucos meses atrás, celebrou a poesia de Aldir Blanc, cantando suas parcerias com João Bosco, Guinga e outros (disco com selo Sesc). E agora mais uma fadista incursiona pela MPB com um tributo a Roberto Carlos.

Roberto Carlos por Raquel Tavares – Do Fundo do Coração (Sony Music) é uma seleção de 14 canções, com direito a dueto com Caetano Veloso, em Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos. O convite e sugestão para Raquel Tavares gravar Roberto Carlos vieram de Max Pierre, responsável por centenas de discos, dos mais diversos nichos da MPB. Pierre estava a fim de encontrar uma intérprete portuguesa, mas não obrigatoriamente uma fadista para o projeto. Raquel Tavares lhe foi indicada por Paulo Junqueiro, da Sony Music. Quando a escutou no estúdio, convidou-a para fazer o projeto.

Raquel e Max escolheram a princípio 20 canções. Doze delas figuravam em ambas as listas. O álbum ficou com 14 faixas. Entraram duas músicas sugeridas pela cantora, Olha (1975) e Não se Esqueça de Mim (1977). Max Pierre estabeleceu prazo de uma semana para as gravações estarem prontas. Ela o fez em duas tardes, com dois takes de cada uma música. O que para Raquel não foi tão difícil, a não ser dominar-se para não cantar em português brasileiro, pois ela já morou no Rio e apreendeu bem o sotaque carioca.

SEM ROCK

A escolha caiu basicamente entre as décadas de 60 a 80, todas baladas e canções de Roberto e Erasmo, sem rock, ou músicas que não tivessem sentido para o público português. Ênfase, pois, para as que se situam nas proximidades do fado. As bases foram gravadas no Brasil, o toque de fado acrescentado em Portugal, pela guitarra portuguesa de Bernardo Couto. Mas, Do Fundo do Coração não é um disco de fados, apenas tem uma coloração acentuada do gênero musical mais famoso.
O mérito maior, claro, fica por conta de Raquel Tavares que dá às canções de Roberto Carlos a dose certa do que os portugueses chamam de “dengo”, interpretação enxuta, mais doce, sem arrebatamentos.

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