Música

Marcio Alencar, um pernambucano na nova fase do Barão Vermelho

Músico deixou o Recife por falta de espaço para grupos pop

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 12/12/2017 às 16:02
Foto: Rubem Rodrigues/Divulgação
Músico deixou o Recife por falta de espaço para grupos pop - FOTO: Foto: Rubem Rodrigues/Divulgação
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O último show do Barão Vermelho com Frejat e Peninha como integrantes aconteceu no Recife, no final da turnê + 1 Dose. O baixista Marcio Alencar estava no seu estúdio, no Espinheiro, quando recebeu uma ligação do guitarrista da banda carioca, Fernando Magalhães. Ele o convidou para assistir ao show. Márcio foi e levou uma câmera fotográfica: “Engraçado é que o grupo não tinha feito foto da turnê ainda, as que fiz foram as únicas. Fernandão é meu amigo de muito tempo, tocamos juntos na banda de Leo Jaime, em shows e no programa de Fernanda Lima na Globo”. Márcio nunca imaginaria que dentro de alguns meses ele receberia um convite para tocar com o Barão Vermelho, na atual turnê, Sempre Barão, com Rodrigo Suricato, como vocalista.

Ele faz questão de ressaltar que não é um Barão Vermelho, está Barão Vermelho, é músico convidado. “Rodrigo Santos estava no Barão há mais de 25 anos, porém as agendas da carreira solo estavam batendo com as do grupo, e ele optou pela carreira solo. Então fui convidado a me juntar à banda. Pra mim é como um sonho utópico, algo que você nunca esperaria. Desde menino curto o Barão, foram deles as primeiras músicas que tirei, de onde peguei a postura no palco”, comenta Márcio, que tocou com outros nomes da música brasileira bem conhecidos. Só com o citado Leo Jaime foram mais de cinco anos:

“Fizemos o programa de Fernanda Lima desde o piloto até a sétima ou oitava temporada. Toquei 12 shows com o Biquíni Cavadão. Depois de Leo, passei a tocar com Paula Toller, e também com Oswaldo Montenegro. Quando Paula reformou a banda, saí e recebi o convite para o Barão”, resume Márcio Alencar. “Fui me dei bem, fiquei, fui me dei bem voltei Ou fui, me dei mal, e voltei. Não fui, era uma opção que não existia pra mim. Eu jamais iria me perdoar pelo se. Se tivesse ido”, o músico se refere à sua ida para o Rio.

Nos anos 90, ainda com a efervescência gerada pelo manguebeat, ele tocava em casas noturnas, em bandas pop, a mais conhecida chamava-se Expresso 48. Esta e outras bandas corriam por fora da cena musical surgida na onda do mangue: “Eu já tinha tocado com um bocado de artistas daqui, com o Mantra, que fazia jazz instrumental. Então comecei a montar minhas próprias bandas. A que considero minha foi a Expresso 48. A gente fez três discos autorais, mas tomava muita pedrada porque era pop. No jornal chamavam a gente de banda cover. Era difícil sobreviver no Recife Demorei a resolver isso na minha cabeça. Parei de reclamar, aprendi que tinha que criar outras maneiras para sobreviver”.

EXPRESSO 48

Os integrantes da Expresso 48 foram para o Rio com a intenção de atrair a atenção de gravadoras: “Mas quando a gente chegou lá, foi exatamente quando as gravadoras estavam entrando em crise, perdidas. A gente ralou muito, tentando mostrar nosso trabalho, conhecer as pessoas. A gente vivia um hiato, quem tivesse mais paciência conseguiria sobreviver. A gente não tinha paciência, talvez por imaturidade. Todos ficando mais velhos, cada um querendo dar sequência em sua vida profissional. Um foi pros Estados Unidos, Alexandre, o vocalista, dedicou-se a advocacia, e eu voltei para o Recife para trabalhar no estúdio. Quando consegui comprar meu apartamento, vi que já tinha alguma coisa certa, e decidi ir pro Rio”.

Lá, dividiu apartamento com o também pernambucano Jam da Silva, com quem, confessa, abriu os ouvidos para todo o estilo de música. Enfim, entrosou-se no meio musical carioca. Quando estabeleceu um círculo de amizade e a tocar com artistas conhecidos, passou a viver entre o Recife e o Rio. Está há menos de um mês tocando com o Barão Vermelho, não sabe por quanto tempo fica com a banda, mas acredita que o grupo continuará na estrada mesmo sem Frejat, e com apenas dois integrantes da formação original, o tecladista Maurício Barros e o baterista Guto Goffi: “Pararam por tempo indeterminado, aí, Rodrigo Suricato entrou como vocalista, tanto canta quanto toca muito. Logo no início, ele e Maurício foram tirar um som num estúdio, e daí já saíram 19 músicas”.

Márcio aponta como o Barão Vermelho soube se reinventar ao longo de mais de 30 anos, com muitas mudanças na banda: “Tive uma conversa com Rodrigo Suricato antes da audição. Quem entra na banda tem que ser um Barão, tem que ter uma liga com o grupo, uma identidade, para que se possa dar continuidade à história”.

 

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