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Após disco, Tribalistas confirmam turnê em 2018

O trio formado por Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown lançou no último mês de agosto músicas inéditas

JC Online
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Publicado em 19/12/2017 às 15:30
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O trio formado por Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown lançou no último mês de agosto músicas inéditas - FOTO: Foto: Divulgação
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Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown confirmaram em suas redes sociais que os Tribalistas farão turnê em 2018. As datas e os locais ainda não foram divulgados.

O fato é inédito para a trupe, já que, há 15 anos, quando lançaram o primeiro disco, decidiram não fazer shows do trabalho de estreia. Tribalistas emplacou uma série de hits como Velha Infância, Já Sei Namorar, Passe em Casa, entre outros. A única exceção que abriram foi no Grammy Latino de 2003, quando receberam indicações e se apresentaram no palco da premiação, em Miami.

 

Lembre a resenha do disco por Marcelo Pereira:

Marisa Monte revela, em uma entrevista release feita pelo jornalista e compositor Nelson Mota, que não havia inicialmente um projeto de novo disco. Mas de dois encontros, no período de "férias" surgiram as músicas, de forma natural. Carlinhos Brown puxa a brasa para a sardinha do "ócio criativo" que a Bahia oferece. A turnê, no entanto, não é certa. "A gente tem muitos sonhos. Muitos sonhos, poucos prazos e poucos planos!", disconversa em uma entrevista de divulgação feita com o jornalista e compositor Nelson Mota.

O espírito de férias e liberdade se reflete em quase todo o disco. Tribalivre é uma celebração . Brown e Marisa mostram seus dotes musicais - ele no berimbau, ela na escaleta. Arnaldo assume a primeira voz, e conta a história de um cara que venceu na vida, que se virou, depois de dar muito duro, a cada dia da semana. No sábado, é um dia para si mesmo e o domingo"ele bota o pijama e deita lá na cama para não cansar". Na sexta expediente termina no bar e no sábado tem tempo "pra mim mesmo". Os outros dias são para se sustentar e cumprir com os compromissos.

Baião do Mundo canta a preocupação do trio com a natureza, em particular com a crise hídrica, tomando como ponto de partida a escassez que atingiu São Paulo, levando a população a vivenciar a falta d'água, com o pouco que tinha sendo extraído do volume morto das represas. A canção se inicia com vocalizes e um som de percussão acústica. "A chuva trouxe água para encher o pote", cantam. A música tem versos poucos inspirados como "dentro da água tem um espelho cheio d'água" e "água traga pra mim um pingo d'água". "Vem Cantareira canta na calha abre a torneira e chora", cantam em outro verso. Para Arnaldo Antunes, no entanto, Baião do Mundo "explora um poder celebrativo da água e do poder da natureza . "Vai água viva corre no leito do mar que te devora".

Ânima fala de uma outra dimensão sem início nem final, de despojamento total. Fala em cair numa placenta nos anos 60 no hemisfério ocidental, sem mala nem nada. "Eu só trouxe água", em mais uma referência a um dos temas constantes no disco. É uma forma hedonista de viver, sem o peso do mundo atual. "Para onde eu vou não levo casa, não levo nada", cantam num verso. "Não levo peso, só levo asas".

O rock Feliz e Saudável é daqueles para levantar a galera e botar todo mundo para dançar, com a letra brincando com expressões tipo: "Eu vou desapaixonar de vez". "Eu posso até me arrepender e até topar namorar com você" e "O coração às vezes aumenta a confusão, às vezes não, às vezes sim". A música termina com os três "fazendo o doido", com um "solo de risada" que até parece meio forçado, mas deve refletir o clima descontraído das gravações. É um contraponto à certa melancolia de Fora da Memória.

Se em Diáspora os Tribalistas cantavam sobre o drama dos refugiados, em Lutar e Vencer tematiza as ocupações de escolas que ocorreu em São Paulo. Os jovens são "material humanos com potencial", "emergência de revolução". A música conclama: "Venha logo , não demore estamos esperando você. Venha a gente juntos somos fortes para lutar e vencer", diz o verso mais panfletário. "Estamos dando aulas de organização. Reformulando a sala, dormindo no chão. Não temos ídolos". O sentimento de coletividade também se faz presente em Um Só, uma das quatro músicas lançadas inicialmente.

Parceria com a cantora portuguesa Carminho, quase uma quarta tribalista - ou quinta, já que Dadi é um músico onipresente - Os Peixinhos abre com um violãozinho maroto, num arranjo que parece de música de brinquedo. É a mais singela de Tribalistas II, daquelas que as crianças vão adorar. "Os peixinhos são, flores caem no chão/ Nadam boiam, fazem bolhas e bolinhas de sabão/ Como lindos são, coloridos tão/ Espirrando gotas como notas na canção/ Aquarela colorindo a água".

Marisa Monte classificou o disco como tripolar. "Um é esse foco dos assuntos coletivos, das coisas que a gente está vivendo hoje e fazem parte do dia a dia e aparecem como um reflexo natural ali nas músicas.  São as canções que falam desses assuntos mais políticos, mais cotidianos, do momento, crônicas do nosso mundo contemporâneo. E tem um outro lado que é mais existencial mesmo, que é Ânima, mais profundo, mais individual e reflexivo, como Fora da Memória. E o terceiro é o campo amoroso, que aparece em Aliança e Feliz e Saudável. Um campo que é uma questão na vida de todo mundo, que é coletivo também mas fica no meio do caminho entre o coletivo e o individual", ela explica a Nelson Motta.

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