Música local e independente

Banda 'Quarto Astral' leva rock progressivo à sétima turnê nacional

O grupo, formado em Jaboatão dos Guararapes, passará pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros locais, na turnê 'Interdimensional'

Duda Lapenda
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Duda Lapenda
Publicado em 28/02/2018 às 12:33
Foto: Pri Farias/Divulgação
O grupo, formado em Jaboatão dos Guararapes, passará pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros locais, na turnê 'Interdimensional' - FOTO: Foto: Pri Farias/Divulgação
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A música tem a capacidade de nos transportar para outras realidades além da nossa. O som do Quarto Astral, por exemplo, nos leva de volta à década de 60, embora os dias atuais sejam de mesmas preocupações e desilusões sociais e políticas que prevaleciam na época. O grupo de rock progressivo, formado em Jaboatão dos Guararapes, se prepara para seu sétimo giro nacional, com início em 29 de março, passando por Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A turnê Interdimensional dá continuidade aos esforços da banda em perpetuar o rock and roll, representando 8 anos de 'luta' pela produção independente. O espaço que os garotos encontram no Sul do país não é o mesmo em Pernambuco: "Acredito que esteja faltando alguns espaços de incentivo à cultura da música autoral e bandas independentes em geral", afirma o vocalista e guitarrista Thiago Brandão sobre a cena em Recife.

Com dois álbuns lançados, Quarto Astral na Quinta Dimensão (2014) e  Fenda Uni Verso (2016), a banda coleciona participações em festivais pelo país, além de um show internacional que fizeram no Uruguai em 2017. Na turnê de 2018, serão três festivais: Festival Aldeia Rock (RJ), Festival Pira Rural (RS) e Festival Camping Rock, finalizando a temporada no dia 30 de abril.

A expectativa está lá em cima. "Para a gente vai ser muito massa, a gente já tá se preparando para gravar o novo disco nessa turnê, então a gente tá compondo já para sair tocando um pouco dessas músicas ao longo dos shows, para gravar o disco no Rio de Janeiro", explica Thiago. Para poder tocar em casa, os integrantes têm que se aventurar na área de produção: "Raramente somos chamados pra alguns shows... Então pra gente tocar aqui na nossa cidade, a gente basicamente produz a maioria dos eventos que a gente toca".

Porém, é nessas andanças fora da cidade que os integrantes, ao entrarem em contato com outros músicos, percebem que muita coisa boa tem sido produzida no rock n' roll. "Infelizmente, o que falta sempre é um respaldo midiático, um porta-voz maior que fale sobre o gênero", lamenta Thiago. A estrada, aliás, foi o cenário ideal para a captação das imagens para o clipe oficial da música Terráqueos, lançado este ano, construído com um apanhado de três anos de imagens feitas em shows pelo próprio grupo, e editado por eles mesmos. "Mostramos muitos amigos da gente, muitas bandas que a gente dividiu o palco no Sul, foi muito legal pra gente", afirmam. 

Trajetória

A trajetória da banda começa com o interesse de Thiago (voz e guitarra), Bruno Brandão (baixo) e Marcelo Rangel (bateria) em deixar de fazer cover e produzir música autoral. O primeiro trabalho, lançado em 2012, foi um DVD colaborativo independente, chamado 'Árvore', gravado na Praia do Paraíso (PE), que pode ser conferido no Youtube. "A casa a gente conseguiu de graça, os cinegrafistas foram todos amigos, ficamos sete dias internados em uma residência ali na praia e a gente gravou no quintal da casa com a vista para o mar. Foram três estúdios de áudio de conhecidos que a gente conseguiu agregar", explica Thiago, lembrando das dificuldades para dar o pontapé inicial. Além disso, os dois discos foram gravados, respectivamente, no estúdio de uma faculdade do Recife, em um TCC de um amigo que estudava produção fonográfica, e na própria casa dos músicos.

Apesar dos empecilhos, o grupo continuará perpetuando o rock progressivo e psicodélico, resgatando o processo criativo das bandas da década de 60. Seja 'brincando' com os instrumentos em casa ou na base do improviso, as músicas surgem de experimentações dos três integrantes que vêm à tona na hora da gravação. "A gente tem buscado principalmente fazer discos mais conceituais em termos de estética, de imagem, de história, narrativa, enfim, pensando no disco como um todo", reflete Thiago.  

As reflexões sobre as situações cotidianas ou mesmo da relação do homem com à natureza e com o transcendental fazem parte do conceito. "Os nossos discos vêm caminhando numa cronologia fatídica", explica Bruno Brandão. Músicas como Travação, Tremor e Era Moderna por exemplo, falam de situações concretas da realidade como a miséria social e a violência urbana. Já as canções do segundo disco Fenda Uni Verso (2016), continua Bruno, "são uma reflexão à respeito da elevação para outras dimensões". O próximo disco, que ainda não tem nome mas já está em fase de pré-produção, dará continuidade à proposta da banda.

A turnê Interdimensional será realizada em parceria com a produtora carioca Abraxas Records, totalizando 20 shows em diversas cidades do Sul do país. Antes de embarcar, a banda realizará um show, no dia 16 de março, em parceria com produção local no Solar da Marquesa, em Olinda, junto das bandas AMP e Vamoz. Além disso, João Pessoa e Natal também serão contempladas com apresentações do grupo.

Assista Terráqueos:

 

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