Música

Lia de Itamaracá canta majestosa nos jardins do Mepe

Cirandeira foi atração da tarde musical do último sábado no Museu do Estado

JC Online
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Publicado em 05/05/2018 às 20:00
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Cirandeira foi atração da tarde musical do último sábado no Museu do Estado - FOTO: Diego Nigro / JC Imagem
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A chuva deu uma boa trégua e os jardins do Museu do Estado, ao redor do casarão secular no bairro das Graças, viraram sucursal das areias da ilha de Itamaracá. Atração na tarde do último sábado do projeto Ouvindo e fazendo música, do Santander Cultural, a diva pernambucana Lia de Itamaracá desfilou majestade do topo de seu 1,80 metro de altura. “Eu sou a ciranda, a ciranda sou eu”.

Informal, majestosa e imponente, descalça e de turbante prateado sobre os cabelos negros, Lia colocou o público para cantar e dançar mesmo sentado nas cadeira sob a tenda armada nos jardins da instituição. Não faltou, claro, a canção que a define e a apresenta mundo afora (Lia chegou a ser classificada como diva da música negra pelo jornal norte-americano New York Times durante uma temporada de apresentações nos Estados Unidos): A ciranda de Lia, dos versos famosos “Essa ciranda quem me deu foi Lia..”

Apesar do palco diminuto, a cantora se apresentou ao lado da orquestra cirandeira tradicional que a acompanha: Toinho (caixa), Bibil (trompete), Bio Negão (trombone), Tom Jaime (saxofone), Tony Boy (surdo, alfaia e pandeiro), Viu Baracho (vocal), Dona Dulce (vocal) e Ganga (ganzá, alfaia e pandeiro).

Azeitadíssima, a banda, destaques nos sopros, promoveu um verdadeiro baile de ciranda. Não faltaram muitas rodas formadas pelo meio do público. Além de canções próprias, incorreu em vários temas de domínio público. “Dor de amor, não há doutor que cure. O remédio é chorar”, disse, puxando o mote de uma dessas canções.

Nascida Maria Madalena Correia do Nascimento no dia 12 de janeiro do já distante ano de 1944, na ilha de Itamaracá que lhe serviria de sobrenome artístico, Lia começou a participar de rodas de ciranda ainda aos 12 anos de idade. Única entre 22 irmãos a se dedicar à música. “Cantar é um dom de Deus e uma graça de Iemanjá”, diz ela, que trabalha ainda como merendeira numa escola da rede pública de ensino. Cocos e maracatus também embalaram a tarde.

ESTESIA

No próximo sábado, o projeto Fazendo e ouvindo música recebe a banda Estesia. No show, ela canção e paisagens sonoras urbanas e eletrônicas. Adianta que será “uma experiência imersiva e interativa de som e luz que envolve a reconfiguração de espaços”. O trabalho surgiu da curiosidade de seus integrantes, egressos de grupos como Bande Dessinée, Bandavoou e Saracotia).

O trabalho é o encontro do duo Pachka (Miguel Mendes e Tomás Brandão), com o cantor Carlos Filho, o baterista Márcio Silva e o iluminador cênico Cleison Ramos, que participa como performer da cena.

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