aula-espetáculo

Antonio Madureira e Rosa Armorial contando e tocando armorialismos

Uma parceria que começou há cinco anos no Paraná

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 12/06/2018 às 8:48
foto: Vladia Lima/divulgação
Uma parceria que começou há cinco anos no Paraná - FOTO: foto: Vladia Lima/divulgação
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Armorialista de primeira hora, o violonista, compositor e arranjador Antonio José (Zoca) Madureira apresenta com os paranaenses do Rosa Armorial uma aula-espetáculo, de quarta a sábado, na Caixa Cultural, no Bairro do Recife. Formado por Carla Zago (violino), Marcela Zanette (flautas), Dú Gomide (viola caipira, violão, rabeca), Bruna Buschle (contrabaixo), Gabriela Bruel (percussão) e Denis Mariano (percussão), Rosa Armorial se pela primeira vez no Recife.

 “É uma parceria de cinco anos. Fui convidado para dar umas oficinas de música em Curitiba, depois fui procurado por um grupo de jovens interessada na música do Quinteto Armorial, conversamos bastante. Algum tempo depois, me convidaram para participar da gravação de um DVD em Curitiba, depois gravaram um CD com algumas composições minhas. Fizemos algumas apresentações em São Paulo. A coisa da aula-espetáculo começou no Festival Internacional de Música Histórica de Diamantina. Eles tocavam e eu fazia um comentário sobre a música. São aulas-espetáculo no formato que Ariano fazia. Ele fazia a palestra sempre com um músico convidado. Participei de centenas dessas aulas. Claro que a da gente não tem a presença de dramaturgo de Ariano”, diz Zoca Madureira.

 O Rosa Armorial é um dos muitos grupos criados Brasil afora sob a influência do movimento armorial, de que Zoca fez parte no início, como integrante do Quinteto Armorial, depois do Quarteto Romançal. É um dos mais atuantes e prolífico dos armoriais, com discos solo, trilhas para cinema, teatro, musicais. Com textos dos escritores Ronaldo Brito e Assis Lima, assina a trilha sonora do Baile do Menino Deus, que faz parte do calendário de eventos do ciclo natalino do Recife.

 Recuperando-se de um problema neurológico, Antonio Madureira está voltando aos poucos ao violão, mas nas aulas-espetáculo ele não toca, conta a história da música armorial, que é executada pelo Rosa Armorial (que também toca peças autorais): “Não dá ainda para tocar violão em público, por enquanto estou praticando em casa, mas está indo bem”, diz Zoca, que está voltado à catalogação de sua obra. Já foi publicado em São Paulo um volume de partituras com sua música no Quinteto Armorial e no Quarteto Romançal, num total de 40 composições: “Um grupo em São Paulo também está fazendo um trabalho assim com a minha música solo. Este foi o ano das dissertações acadêmicas sobre minha obra. Fizeram dissertações na USP, na Unicamp, aqui no Recife”, conta.

 ARMORIAL

 Nascido oficialmente em 1970, Ariano Suassuna à frente, o Quinteto Armorial e a Orquestra Armorial tiveram álbuns lançados por gravadoras do Sudeste. O quinteto lançou quatro LPs pela Marcus Pereira, enquanto a orquestra teve o mesmo número de álbuns lançados pela Continental. Graças à divulgação eficiente das gravadoras, os discos alcançaram todas as regiões do país e são cultuados até hoje: “O armorial continua muito forte, porém mais fora de Pernambuco. Aqui sempre teve as divisões, gente contra, gente a favor. Lembro que levamos o Quinteto Armorial a São Paulo, fizemos um show no Tuca, que é um teatro enorme, e superlotou, ficou gente sem conseguir entrar. na mesma época fizemos apresentações aqui para um público restrito”.

O Rosa Armorial começou, em Curitiba, como Rosaflô, tocando um repertório MPB, mas, admiradores do Armorial, montaram, em 2009, um espetáculo com um repertório baseado numa pesquisa que fizeram sobre o movimento. O show foi tão bem recebido que o sexteto decidiu continuar na trilha armorialista, e mudaram o nome do grupo. Mas o grupo não faz apenas uma cópia do armorial pernambucano. Eles tocam música própria, em que utilizam músicas do folclore paranaense, assim como peças eruditas do maestro Guerra-Peixe, que influenciou o armorial, e é bem anterior ao movimento (Guerra-Peixe, nos anos 1950, foi professor de Capiba, Clóvis Pereira e Jarbas Maciel, três dos principais compositores do movimento armorial).

Aula-espetáculo com Antonio Madureira e o grupo paranaense Rosa Armorial, de quarta-feira à sábado, no Caixa Cultural, às 20h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. O Caixa Cultural fica na Avenida Alfredo Lisboa, Marco Zero. Fone: 3425-1915

 

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