Música clássica

'Suíte 1817', obra que homenageia a Revolução Pernambucana, é lançada em CD

Múcio Callou e o Opus Aram Quarteto tocarão suíte na Academia Pernambucana de Letras

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 19/08/2018 às 6:00
Rogério Acioli/Divulgação
Múcio Callou e o Opus Aram Quarteto tocarão suíte na Academia Pernambucana de Letras - FOTO: Rogério Acioli/Divulgação
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A Revolução de 1817 foi um marco na história brasileira, mas, até pouco tempo atrás, não recebia a atenção merecida. Com a aproximação dos 200 anos do acontecimento, celebrados no último ano, esse quadro começou a mudar. Entre obras literárias, estudos e filmes que buscaram trazer nova luz ao período, o violonista Múcio Callou também procurou dar sua contribuição e compôs uma suíte para as comemorações. A obra, que ele executa com o Opus Aram Quarteto, do qual faz parte, é lançada em disco domingo (19), às 10h, na Academia Pernambucana de Letras (APL), junto à edição 212 da Revista Continente.

Quando foi convidado pela diretora do Museu da Cidade do Recife, Betânia Corrêa de Araújo, para criar um tema para a cerimônia de abertura das comemorações do bicentenário da revolução, Múcio aceitou com empolgação. Ele lembra que não poderia estar em local mais propício para se inspirar: o Forte das Cinco Pontas, onde fica o museu, foi um dos principais palcos dos acontecimentos de 1817.

“Durante os seis meses em que escrevi [entre 2016 e 2017], tive sorte de estar no Museu da Cidade do Recife. Comecei a ler muito sobre a Revolução de 1817, a conversar com historiadores, e fiquei surpreso com a força do movimento. É uma história sobre a qual ainda hoje sabemos pouco. Se você comprar com outros movimentos libertários do Brasil, podemos dizer que o que ocorreu aqui foi o maior e mais importante deles”, acredita o músico.

O entusiasmo do violinista com o tema foi tanto que, mais do que uma pequena peça para a cerimônia de comemoração do bicentenário, ele compôs uma suíte com oito movimentos. Em cada um deles, são exaltadas diferentes facetas do evento histórico (a obra virou também trilha sonora do filme 1817, a Revolução Esquecida, de Tizuka Yamasaki).

No prelúdio, por exemplo, ele se inspirou nas ideias iluministas que, entre o final do século 18 e meados do 19, incentivaram revoluções ao redor do mundo. Ele toca ainda na contribuição de negros e índios para a Revolução Pernambucana, além de criar um réquiem aos mártires e um hino aos heróis, citando, por exemplo, La Marseillaise e os hinos do Estado e do Recife.

“O que me interessava era levantar essa história de uma forma abstrata, através da música, mas ao mesmo tempo remetê-la ao presente, trazê-la à contemporaneidade. Meu objetivo é que as pessoas se sintam estimuladas a buscarem mais sobre essa história”, explica o músico.

As composições de Múcio são executadas por ele, Rogério Acioli (flauta), Leonardo Guedes (violoncelo) e Fernando Rangel (contrabaixo), com participação de Ricardo Fraga (percussão).

Com apoio cultural da Cepe Editora, esta primeira remessa de discos virá encartada na edição 212 da Revista Continente, que será lançada na ocasião.

Múcio afirma que novas cópias devem ficar prontas até o fim do ano e serão comercializadas separadamente. Ele conta ainda que o Opus Aram Quarteto já se articula para circular pelo país com o trabalho.

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