Fatti Sentire

Laura Pausini e a noite mais pernambucana de sua vida

Em sua primeira vez no Nordeste, cantora italiana impressionou público do Classic Hall neste sábado (25) com show impecável, regado a muita simpatia e expressões locais

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 26/08/2018 às 4:43
Foto: Instagram/@luizfabianofoto/Reprodução
Em sua primeira vez no Nordeste, cantora italiana impressionou público do Classic Hall neste sábado (25) com show impecável, regado a muita simpatia e expressões locais - FOTO: Foto: Instagram/@luizfabianofoto/Reprodução
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Horas antes do espetáculo começar, a informação chega: ingressos esgotados para o show de Laura Pausini neste sábado (25), no Classic Hall, em Olinda. E motivos não faltaram para isso. Além de ser a terceira parada da etapa brasileira da Fatti Sentire World Tour, era a primeira vez da cantora italiana no Nordeste do País ao longo de 25 anos de uma carreira consolidada. Poderia ter sido só mais uma apresentação, mas felizmente, para o público que lotou a casa, não foi.

Começando pelos 15 minutos de atraso do horário programado para o início. Nem isso foi um lapso qualquer. A cantora pediu a seu staff "mais um tempinho" para aprender expressões típicas de Pernambuco. Ou seja, mais que ser a "italiana mais brasileira do mundo", ela estava disposta a ser a "italiana mais pernambucana do mundo".

22h15, discretamente, as luzes se apagam. Com as cortinas abertas desde a abertura da casa de show, o escuro foi estratégico para a banda ocupar seus lugares e Laura Pausini se posicionar atrás de uma cortina preta no centro de seu palco. Após poucos minutos de suspense, surge ela em silhueta cantando Nón è Detto.

Logo na primeira música, a aproximação da cantora com o público brasileiro é nítido nas primeiras frases: 'Oi!', 'Como vocês estão?', 'Canta forte'. Mas o primeiro teste como pernambucana veio ao fim da canção: "Boa noite! Esta é a nossa primeira noite em Pernambuco e espero que seja massa!", disse a italiana, levando o público do Classic Hall à loucura.

Em seguida, ela emenda com a ótima E.STA.A.TE, do atual disco que leva o nome da turnê. Tudo percorria bem até ela se assustar com o efeito pirotécnico no primeiro refrão da música. Para chamar o público para si - como se ainda precisasse - fazia questão de chamar "Recife" e "Nordeste", mostrando o quanto especial era aquele momento para ambos: artista e plateia.

Mesmo com repertório novo, as clássicas de Laura Pausini eram sim as mais esperadas. A primeira catarse veio com La Solitudine. No hit Simili, ficou evidente a entrega da cantora e a sintonia com o público. A nostalgia também bateu forte quando ela interpretou Seamisai.

Ao longo do show, a cantora também tentava passar algumas lições ao público. "Aprenda a não se preocupar com quem não
está nem aí pra você!", aconselhava ela em seu adorável português com sotaque, antes de interpretar Resta In Ascolto. Em seguida, mais um ponto alto com Incancellabile, com direito a cantar a primeira parte em português, relembrando a versão Inesquecível, da dupla Sandy e Junior.

Logo após o hit, mais um momento para os pernambucanos: "É muito fofo. Ouvir vocês cantando junto, em uma só voz, é
arretado, visse?", levantando a plateia e arrancando aplausos antes da potente Fantastico e sair para a primeira troca de roupa. Seus backing vocals ficaram no comando com o ótimo medley Sorry (Justin Bieber) / Shape Of You (Ed Sheeran) / Can't Stop The Feeling (Justin Timberlake).

Ao voltar ao palco, ela entra em um Medley Acústico. Entre uma música e outra, Laura Pausini conversava bastante com o
público que a via pela primeira vez, e dizia sentir algo diferente pelo povo nordestino: "Vocês se expressam muito forte para mim", disse. Ela chegou até a se corrigir no sotaque local: "Viu não! Visse".

A italiana ainda arranjou um tempo no meio do show para gravar um vídeo para Serginho Groisman no quadro #AltasHoras. Em seguida, agradeceu às várias pessoas que vieram de longe para prestigiá-la. Além de recifenses e nordestinos, pessoas de países como Argentina e Chile também se fizeram presentes através de bandeiras no meio do Classic Hall. E ao lembrar a plateia que tinha uma amiga em São Paulo com pai recifense, atacou com mais uma expressão: "Vixe Maria, eu quero ficar aqui!".

AMOR DOS FÃS

O amor do público por Laura ainda foi expressado por um rapaz da Imbiribeira, Zona Sul do Recife, que fez questão de mostrar a cantora uma tatuagem que fez nas costas para ela. "Mas porque você fez isso? É porque você é muito fofo. Você tem costas muito bonitas. Muito obrigado", disse admirada. Ao perceber que estava conversando bastante, ela mesmo tentou se policiar. "Vamos cantar. Vocês me pagaram para eu cantar", brincou ela, cantando o sucesso Strani Amore.

Ao tentar cantar o hit Se Fue no mesmo bloco acústico, a italiana parou a música no meio e fez a 'sincerona': "Eu acho essa versão muito bosta", arrancando aplausos do público. Para 'consertar', chamou uma pessoa da plateia para dividir com ela as vozes numa versão mais animada da música. O felizardo veio de Alagoas e quando subiu ao palco, contou que passou por quatro horas de viagem para estar ali.

Laura Pausini também conseguia impressionar o público com sua voz impecável a cada canção, em várias línguas, provando ser uma das poucas que funcionam num show ao vivo. Tra Te e Il Mare foi outro momento que provou isso, levando a plateia a formar um lindo coral para a artista, que culminou na apoteótica Un’Emergenza d’Amore.

Nas três últimas músicas, uma troca de roupa para cada uma, fechando a conta de cinco figurinos. Foi assim com Novo, o
single que ela gravou recentemente com Simone & Simaria; Invence No, que trouxe um forte vídeo de interlúdio narrado por Pausini; e Nadie Ha Dicho, do novo disco, onde ela se enrolou com uma bandeira de Pernambuco dado por um fã da plateia.

Innamorata indicava o fim do show após duas horas e meia de apresentação, ganhando ainda mais um carinho de Laura Pausini ao alterar um dos versos para "Uma mulher apaixonada de Recife como eu!". Ao se despedir em definitivo com o bis
de E.STA.A.TE por volta das 0h40, mais uma declaração. "Recife é show de bola!", disse ela ao apresentar a simpática banda e encerrar sua demonstração de amor em forma de música numa noite, de fato, inesquecível.

Tudo isso foi necessário para dizer que, megalomaníacos como somos, podemos dizer agora que presenciamos "o melhor show
de uma italiana pernambucana" na maior casa de shows da América Latina. 'Torna sempre', Laura!

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