Memória

Relembre como foi a última vez de Ângela Maria no Recife

Há três anos, o repórter Bruno Albertim cobriu o último show da diva na cidade: "Aos 86 anos, assombrosamente potente"

Bruno Albertim
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Publicado em 01/10/2018 às 16:51
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Há três anos, o repórter Bruno Albertim cobriu o último show da diva na cidade: "Aos 86 anos, assombrosamente potente" - FOTO: Divulgação
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Ângela Maria segue diva aos 86 anos

Acompanhada do violonista Ronaldo Rayol, a cantora impressinou pela potência vocal em recital no RioMar

Publicado em 14/03/2016, às 13h46

Depois do potente recital da noite da sexta-feira, no Teatro RioMar, a cantora eliminou (se é que havia alguma) qualquer dúvida de sua condição de clássico. Tantas vezes revisitar o repertório, será ovacionada a antiga menina nascida Abelim que, saída de um subúrbio em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, antes de 1950 e dos 20 anos de idade, adotou o nome de Ângela Maria para tapear a família evangélica e poder virar, na era clássica do rádio, uma voz que atravessava o Brasil.

Com mais de 65 anos de carreira e 86 de idade, Ângela impressionou pela vitalidade. Criada nos corais da igreja batista e batizada na noite dos crooners de Copacabana, sua voz de mezzo soprano alcança nuances e malabarismos que justificam, nas primeiras notas, sua condição de ícone. Ainda mais pelo fato de ter vindo despida de orquestra.

Ângela Maria se fez acompanhar apenas do violonista e agora arranjador Ronaldo Rayol, sem o respaldo de sopros e cordas habituais. “Cantar só com o acompanhamento do violão é uma forma de eu me ouvir melhor. Eu canto muito alto, normalmente, com a orquestra. Assim, vocês podem perceber melhor nuances da minha voz”, disse, para uma plateia reverente e concentrada.
Na inevitável Babalu, desfilou sua extensão e respiração assombrosas, elevando todos os arcos de atenção. A plateia, em delírio, aplaudiu antes do final. Durante a execução de Ave Maria no Morro, do repertório da Dalva de Oliveira, que ela procurava mimetizar no começo da carreira, fez a plateia também se levantar para aplaudi-la no meio da música.

VIRTUOSE

O virtuosismo de acento jazzístico do violonista Ronaldo Rayol imprimiu nova roupagem e elegância a clássicos como  Nunca (Lupicínio Rodrigues), Retalhos de Cetim (Benito di Paula), Só Louco (Dorival Caymmi) e Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria), além de seus grandes sucessos: Gente Humilde, Vida de Bailarina, Tango pra Tereza, Lábios de Mel, Falhaste Coração.
A cantora também deu um show à parte: de bom humor. Ao cantar Cinderela, pediu para que a plateia a acompanhasse: “Gente, mas cantem com fé!!! Eu mesma desencalhei cantando essa música. Se cantarem com fé, desencalham como eu!”, disse, provocando gargalhadas em cascatas. Com um fairplay irresistível, temperou as canções com drops autobiográficos, ao lembrar do casamento, já aos 51 anos, com um jovem de 18 com quem segue casadíssima até hoje.

Um show de Ângela Maria é, guardadas as devidas diferenças, como um concerto dos Stones ou uma apresentação de Bethânia: um momento sempre clássico e memorável.

 

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