Atenção músicos com projetos na gaveta. Até 4 de janeiro estão abertas as inscrições no programa Petrobrás Musica em Movimento, anunciado terça-feira, na Casa do Choro, na tradicional Rua da Carioca, Centro do Rio. Esta é a primeira chamada pública feita pela empresa em seis anos. O Petrobrás Cultura patrocina da Orquestra Sinfônica Petrobrás (há 31 anos), produção cinematográfica, teatro, dança, ou espaços feito a Sala Cecília Meireles, no Rio.
A ênfase do Música em Movimento é contemplar projetos que privilegiem a inovação, que seja contemporâneo e que tenha o engajamento do público. A chamada pública tem três categorias: Circulação de Shows, Festivais, e Projetos Especiais Inovadores. O Petrobrás Música em Movimento dispõe de R$ 10 milhões, assim distribuídos: Circulação de Shows, que abriga artistas novos, e já consagrados, patrocinará, aos novos até R$ 350 mil para pelo menos quatro shows, em três estados. A faixa dos artistas já com carreiras estabelecidos, sob a nomenclatura de Grande Circuito, receberá patrocínio de R$ 350 a R$ 1 milhão, com o qual serão realizados o mínimo de sete shows, em quatro estados. Parte das cidades em que serão realizadas as apresentações deve ser escolhida numa listas de municípios considerados prioritários pela Petrobrás.
EM TRÂNSITO
Em trânsito de Lenine, foi o parâmetro para os objetivos Música em Movimento, justamente por está sendo bem sucedido transgredindo regras do mercado, realizando, por exemplo, primeiro o show, sem disco, e só na etapa final gravando o repertório em estúdio. O DVD em Em Trânsito rendeu-lhe um prêmio Grammy. Foi patrocinado pela Petrobrás quando Lenine nem tinha ainda o repertório pronto. Ao lado de Milton Bittencourt, coordenador de patrocínios culturais da Petrobrás, de Diego Pila, gerente de patrocínios e eventos da empresa, Lenine, e Anna Barroso, sua mulher e empresária, participaram de uma coletiva, os dois detalhando feitura do Em Trânsito.
Entre as perguntas sobre o projeto, surgiram questionamentos, quando foi pedido ao cantor para esclarecer o motivo de artistas consagrados, feito ele, pleitearem patrocínios: “A indústria disse não pra mim durante dez anos. Recebi um não rotundo. Nesse processo descobri as parcerias. O patrocínio para tornar o ingresso acessível. Levar um show para a estrada é muito caro, equipamentos são muito caros. Mas eu falo da minha experiência, cada história é uma história”, comentou Lenine, acrescentando que pela velocidade com que as mudanças se procedem, o artista não tem mais a força de uma grande gravadora distribuindo e divulgando seu trabalho:
“A gente voltou a ser mascate. É você quem faz o produto, e você que mesmo vende”. Anna Barroso lembrou os percalços acontecidos nos shows iniciais, que teve de greve de caminhoneiros a um desmaio de Lenine, durante o show de abertura na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador:
“Foi uma coisa rápida, provocada pelo calor da cidade. Mas imediatamente circulava na Internet que a turnê tinha sido cancelada. Tivemos que colocar a equipe em ação para confirmar que a turnê continuaria”, conta Anna Barroso
“O artista pode ser aprovado no Música em Movimento, e ao mesmo tempo ser beneficiado por um lei de incentivo à cultura. O que não queremos é que se crie uma dependência da Petrobrás para sobreviver”, ressalta Diego Pila, lembrando que para o artista novo não há a obrigatoriedade de ter disco gravado. Ele será julgado pelo material que enviar para ser julgado pela comissão que selecionará os projetos.
Perguntado se alguma autoridade do governo que assume em janeiro teceu algum comentário sobre os patrocínios culturais da Petrobrás, Milton Bittencourt garantiu que não houve nenhuma sinalização sobre este território na estatal. Já Lenine não esconde sua apreensão: “Tudo é uma incógnita muito grande”.
As inscrições podem ser feitas no site:www petrobras.com.br/ppc. A relação dos projetos aprovados serão anunciadas no início de fevereiro, e os artistas começam a trabalhar a partir de 1º de julho de 2019.
.
