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Uptown lança disco em celebração aos 21 anos da banda

Álbum é recordista em quantidade participações especiais

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 09/12/2018 às 11:35
Foto: Leandro Medeiros/Divulgação
Álbum é recordista em quantidade participações especiais - FOTO: Foto: Leandro Medeiros/Divulgação
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Uptown Blues Band & Friends – 21 Anos de Blues – 1997/2918, um título extenso para um disco que poderia ser candidato à inclusão no livro Guinness dos recordes, pela quantidade de participações especiais. A relação começa por Adilson Bandeira e termina com Victor Biglione. Ao todo são quarenta nomes, todos estampados na capa do álbum, que será lançado hoje, às 18h, no Teatro RioMar, no Shopping RioMar, com participação de alguns dos músicos que tocaram no disco, Derico Sciotti, Lancaster e George Israel, João Netto, Samucka, Adilson Bandeira e Anderson Galindo.

 A Uptown Band é formada por Giovanni Papaléo (bateria), Adriana Papaléo (voz), Ed Staudinger (teclados), Emerson Andrade (contrabaixo), Lenon Lázaro (guitarra) e Thomaz Lera (guitarra e voz). Sempre de prontidão, tocam também com o grupo Jackson Rocha Jr (contrabaixo), Daniel DaniBoy Diniz (guitarra), Jackson Rocha Jr. (baixo) e João Vilela (gaita). Como assinala o jornalista Marcelo Pereira no texto do encarte do CD: “A Uptown continua sendo uma escola de blues. Não apenas porque forma músicos e proporciona intercâmbios de bluesmen de vários continentes e latitudes, que é uma das suas maiores virtudes”.

 A banda começou a se apresentar em 1997, no Downtown Pub, no Bairro do Recife. Na época o Recife ainda vivia a efervescência do manguebeat. Neste cenário Giovanni Papaléo preferiu correr por fora. Vem daí o nome do grupo, e não uma referência ao pub onde tocavam: “Começamos no Downtown, mas batizei de Uptown porque Uptown significa também fora no centro, ou talvez fora da panelinha, pois o blues é um estilo musical ainda excluído no Nordeste, apesar de célula mãe da música pop”, esclarece.

 Quando a banda começou era difícil se escutar blues ao vivo na cidade: “Acho que não havia praticamente nada. Nem bandas estáveis, nem circuito de blues, pelo menos até 1997”, diz o baterista da Uptown Blues Band. Seu primeiro projeto foi o Recife Blues Festival. Depois deste o mais bem sucedido, e longevo, Oi Blues by Night, cujo início coincidiu com uma data emblemática do século 21, o ataque às torres gêmeas, que impediu a vinda da primeira atração internacional: “Contratamos o americano Peter Madcat, que não pode vir por que o espaço aéreo nos EUA estava fechado”, lembra Papaléo.

 Este projeto, e os posteriores, a exemplo do Jazz Porto e Garanhuns Blues & Jazz Festival, hoje Gravatá Jazz Festival, levou Giovanni Papaléo a estreitar laços de amizade com alguns dos maiores nomes do jazz e blues. Basta lembrar que a última atração do festival em Garanhuns, foi um dos maiores bateristas do jazz, Billy Cobham. Cobham não é um dos convidados do segundo álbum da Uptown Band (o primeiro é de 2007, Do Mississippi ao Capibaribe), mas não lhe faltam nomes internacionais, entre estes o percussionista Airto Moreira, paranaense, mas desde o final dos anos 60 nos EUA. Tocou com Miles Davis na fase Bitches Brew (1970). Da “gringa” também a inglesa Bex Marshall, o gaitista de Chicago Donny Nichilo, e Femi Temowo, que tocou com Amy Winehouse.

 Prestigiam a Uptown Blues Band músicos dos mais diversos nichos, do ex-Kid Abelha George Israel ao papa da bossa nova Roberto Menescal, do Azimuth Ivan “Mamão” Conti ao Blues Etílico Greg Wilson. E ainda Victor Biglione, Jefferson Gonçalves (quase um integrante da Uptown), o guitarrista João Netto, o sax mais popular do país, Léo Gandelman, os blueseiros Lancaster, Nuno Mindelis e Karl Dixon. Papaléo pretendia ter mais participações, que não aconteceram, por culpa de agendas lotadas: “E alguns que já se foram, Ed C. Campbell, Magic Slim, James Wheeler, Willie Big Eyes Smith, e principalmente Celso Blues Boy”.

 DISCO

 Uptown Blues Band & Friends deveria ter sido lançado em 2017, quando a banda completou 20 anos, porém, autofinanciado, demorou mais que o previsto para ser concluído: “É um projeto ousado. Talvez único na área do blues, demorou um ano e sete meses. A vantagem é que praticamente todos os músicos envolvidos já tocaram com a Uptown ou em projetos produzidos com a banda. Foi trabalhoso e desafiador criar algo novo na área de blues. Mas depois do resultado final tudo se torna prazeroso, e temos a sensação de ter valido a pena. Esse disco tem a nossa cara. Reflete nosso som honestamente”, comenta Giovanni Papaléo, produtor do CD com Emerson Andrade.

 Ele assina a metade das 12 faixas do álbum (apenas uma com parceiro, Charles Theone, em Me Dá Um Beijo). O restante do repertório é quase autoral. O guitarrista Thomas Lera é autor de três faixas, Eu, Minha Guitarra, Meu Cachorro, I’m in Trouble e Azul do Mississippi. As três restantes são reverência pilares do blues, Willie Dixon (My Babe), Dust My Broom (Robert Johnson), esta em duas faixas, uma dela o remix que fecha o disco. Dust My Broom merece um pequeno comentário. Lançada com o título de I Believe I’ll Dust My Broom, por Robert Jonhson (que a adaptou de um blues mais antigo, I Believe I'll Make a Change, de 1932, pelos Spark Brothers). Em 1951, Elmore James gravou a versão definitiva, reduziu o título, e deulhe um dos mais copiados riffs de guitarra do blues.

 A Uptown Blues Band não ficará neste show de lançamento. A pretensão é viajar divulgando o trabalho: “Deveremos fazer shows em outras cidades. Caruaru está na programação. Faremos em breve fazer um show, convidados pela Prefeitura do Recife, no Museu Murilo la Greca, Mas Estamos estudando as propostas. Porto de Galinhas e Gravatá estão na rota, além de Maceió. Tocaremos no Sul em 2019, pois este novo trabalho está abrindo portas” Ingressos custam R$ 30 e R$ 15. Parte da renda será destinada ao baixista Israel Silva, do circuito de jazz da cidade, que está com problemas de saúde.

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