Turnê

Avoada rumo ao interior em busca de um novo público

Quatro jovens caem na estrada numa viagem meio beatnik

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 09/01/2019 às 8:18
Foto: Huogo Coutinho/Divulgação
Quatro jovens caem na estrada numa viagem meio beatnik - FOTO: Foto: Huogo Coutinho/Divulgação
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A música que se faz na capital pernambucana é apegada ao Litoral, raramente se atreve a ir ao interior do Estado. Por “capital” entenda-se Região Metropolitana do Recife. O coletivo Avoada arvora-se exceção à regra. Formado por Juvenil Silva, Marília Parente, Marcelo Cavalcante e Feiticeiro Julião, o bando empreende uma investida inicial ao interior, com shows em Caruaru (amanhã), Belo Jardim (sexta), Garanhuns (sábado) e Vitória de Santo Antão (domingo). Hoje, antecipam a turnê, com uma apresentação no Pequeno Latifúndio (Rua Gomes Pacheco, 426, Espinheiro), a primeira dos quatro juntos na cidade. No final da Semana, o quarteto parte num pequeno Celta, com os instrumentos que puderem colocar na mala do carro.

 “A princípio eram três shows, então fechamos mais dois. Depois deles, o que pode acontecer é a Avoada ser um projeto itinerante nosso mesmo, pra dar vazão ao nosso desejo de descobrimento, de formação de público. A gente pensa em ir a outras cidades. Mas é independente, muito na brodagem, ficando na casa de amigos, se produzindo na raça. A gente acredita que existe demanda. Eu sendo do interior, sei como é, chega pouca coisa. Não adianta se queixar que o pessoal só ouve um determinado tipo de música. É muito fácil falar disso e não ir lá. A gente vai”, diz Marília Parente, nascida em Exu, no Sertão do Araripe, que começou a se apresentar em público aos 15 anos, passou pelo Raízes da Várzea e só entrou em carreira solo começou no ano passado.

 Juvenil Silva, já um nome estabelecido numa nova cena musical recifense, que lançou disco em 2017, não lembra bem de quem saiu a ideia do Avoada: “Talvez tenha sido eu, é um lance antigo que ficou engavetado. Só sei que o nome foi ideia minha, mas é dessas coisas que surgem em coletivo mesmo, numa roda de mesa de bar entre amigos músicos mais ousados. A gente tentou fazer esse giro, não rolou direito. Aí deixamos quieto. Agora Marília quis instigar outro giro, eu me lembrei desse nome e agregamos ele novamente. Vamos fazer várias expedições musicais esse ano. Cada viagem vai resultar num clipe pro projeto individual de cada um ou, quem sabe, também a gente gravar algo juntos no fim. Vamos atrás do povo e de nós mesmos”.

 Dos quatro, Marcelo Cavalcante é o que tem uma formação mais MPB. É autor de frevos e sambas, tem engatilhado um single com um frevo-canção: “Ele é um grande violonista, muito na vibe Geraldo Azevedo e Chico Buarque, também tem essa garra de querer reavivar o frevo. Ele participa do disco de Marília, como parceiro em uma música, tocando e cantando também. Foi Marília que trouxe mais ele pro lado da gente, assim com eu trouxe o Feiticeiro Julião, que é parceiro de longas datas, desde o tempo do Desbunde Elétrico”, conta Juvenil.

 “Se existe o Grande Encontro, somos o pequeno', brinca Julião, que está na estrada desde 2011, fez parte da Desbunde Elétrico, por sua vez, parte de um grupo de intérpretes e bandas que se inspiram em desbundados dos anos 70, como Sérgio Sampaio, ou no cultuado Belchior. Participou do Abril Pro Rock, lançou um EP, Batismo Místico, e o álbum, Mácula, e passou uma temporada em São Paulo. Com incentivo do Funcultura fez apresentações em João Pessoa, Natal, Fortaleza, Maceió e Aracaju.

 Mais jovem do quarteto, Marília Parente está finalizando o primeiro álbum, e mostra-se entusiasmada com este on the road nordestino: “É uma postura do it yourself que sinto nessa geração dos meus amigos que vão pegar essa estrada. Uma cadeia de pessoas que produzem as músicas, os arranjos, as fotos e até os clipes. A gente ama música e quer fazer ela acontecer como acreditamos. Eu acredito que a música é revolucionária. Acho uma atitude política e de reação ao conservadorismo e o fascismo. Estamos construindo uma coisa, que a gente ainda não sabe o que é, mas está acontecendo”.

SHOW

 Na apresentação de hoje, prometida para começar às 20h em ponto, Juvenil Silva adianta que o repertório será só de músicas autorais, com parcerias: “Umas já de nossos repertórios, e algumas novas. Entre as novas, Viagenzinha de Verão, parceria Juvenil/Marília, escolhida como tema do Avoada, o refrão: “Viajo para me encontrar, me encontro para viajar”.

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