Psicodelia

Udigrudi pernambucano ganha caderno especial

Movimento psicodélico único na música brasileira

JC Online
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Publicado em 13/05/2019 às 16:33
Foto: Acervo de Zé da Flauta
Movimento psicodélico único na música brasileira - FOTO: Foto: Acervo de Zé da Flauta
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Nos anos 70, aconteceu em Pernambuco uma movimentação musical psicodélica em Pernambuco (também chamada de “movimento udigrudi”). Foi original, única, e passou despercebida fora o estado. Influenciado pelos eflúvios libertários da juventude dos EUA e Europa, que incluía hippies, pensadores da contracultura, o rock que se fez depois do álbum Revólver, dos Beatles, e cultura indiana, disseminada no ocidente pelo quarteto inglês, jovens no Recife, em Olinda, enfim, na Região Metropolitana, passaram a criar arte sobre este novo molde.

Os nomes aos boys: Lula Côrtes, Lailson, Flaviola, Aristides Guimarães, Tiago Araripe, Marco Polo, Almir de Oliveira, Marconi Notaro, Zé Ramalho da Paraíba, Ivson Wanderley, Robertinho (depois do Recife), Paulo Rafael, e grande elenco. Começaram na década de 60, tocando em bailes, cantando na TV, em festas como a Fecin ou Festa da Mocidade. Covers de canções da Jovem Guarda, ou de bandas inglesas e americanas. Até que, de repente, montaram repertórios autorais.

Um fator fundamental para que esta cena não tivesse acabado sem deixar registro, foi a situação econômica da Fábrica de Discos Rozenblit. Afundada em problemas financeiros, agravados pelas inundações periódicas do Rio Capibaribe, a empresa estava lançando poucos produtos, sem condições de modernizar o já obsoleto estúdio de dois canais. Lailson e Lula Côrtes alugaram o estúdio, e gravaram Satwa, um álbum, sem a menor chance de sucesso comercial. Nenhuma gravadora do Sudeste toparia lançar um álbum com viola e cítara marroquina, instrumental, que poucas emissoras do país tocariam.

Depois de Satwa, vieram Marconi Notaro no Sub-Reino dos Metazoários, de Marconi Notaro, Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, e Flaviola - O Bando Alegre do Sol, estes três últimos com selo da Abrakadabra (empresa criada por Katia Mesel e Lula Côrtes), e o selo Solar, da Rozenblit. Por sua vez, a Ave Sangria conseguiu um contrato com a Continental, gravadora que estava investindo no novo rock nacional.Vieram shows, festivais, turnês, celebrações, mas este trabalho só chegou ao resto do país, e no exterior nos anos 2000. 

ESPECIAL

Esta fase histórica e ainda pouco conhecida em Pernambuco foi focada no caderno especial Udigrudi - Viagens e Outros Baratos, publicada pelo Jornal do Commercio, neste domingo (12). Foi criado um site, com as matérias do jornal impresso, mais entrevistas em vídeo, entrevistas extras, fotos, notícias da imprensa na época, que podem ser conferidos clicando aqui.

 

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