Festival de Frevo

Festival Nacional do Frevo entre a tradição e a renovação

Foram poucos os veteranos na final do FNF

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 10/12/2019 às 10:34
Foto: Andrea Rego Barros/Divulgação
Foram poucos os veteranos na final do FNF - FOTO: Foto: Andrea Rego Barros/Divulgação
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Quem imagina que o frevo está estagnado, que vive do passado, mudará de ideia se escutar as 12 composições que disputaram a finalíssima do Festival Nacional do Frevo, promovido pela Prefeitura do Recife através da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, sábado, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem . Em todas as quatro categorias do FNF, a qualidade predominou. A tradição lado a lado com a inovação, como a de frevo com pífano como instrumento solo, caso da composição Sebastião Biano no Frevo, de Alexandre Rodrigues (com arranjo de Henrique Albino), primeiro lugar na categoria Frevo Livre Instrumental – Autoral.

Não apenas o frevo está aceitando inovações sem críticas dos tradicionalistas, como uma nova geração de músicos e intérpretes se integram ao gênero. O citado Alexandre Rodrigues, por exemplo, é da novíssima e elogiada Orquestra Malassombro. Uma das mais incensadas cantoras da atualidade em Pernambuco, Isadora Melo, que participa também do coletivo Reverbo, foi uma das intérpretes da final do FNF. Ela defendeu Resta Sorrir, de Rafael Marques e Zé Manoel, segunda colocada na categoria frevo de bloco. O terceiro lugar ficou para Troças e Cordões, de Mariana Disessa e Veruska Tavares (arranjo de Kidbone), com Ilana Ventura, Juliana Nery e Coral do Festival Nacional do Frevo.

Porém quem levou o prêmio de Melhor Intérprete do festival foi Alessandra Cavalcanti, filha de Getúlio Cavalcanti, impecável ao defender o frevo de bloco Geninha, a Dama da Ribalta, do pai dela, um campeão de festivais. Esta canção (com arranjo de Rogério Borges) foi a vencedora em sua categoria, que teve também participação do Coral do Festival Nacional do Frevo. Foi um trabalho difícil para a comissão julgadora.

A única categoria onde não se teve dúvidas quanto ao vencedor foi a de frevo de rua. Beto Hortiz já entrou matando, com o acordeom a mil por hora, no seu Isto É Recife. Foi, claro, o vencedor na categoria, que teve dois ótimos frevos concorrendo, Saci Pererê, de Bené Sena (com arranjo dele), 9 de Fevereiro, de Yrkison Brasil (arranjo de Marcos FM). O frevo de Beto Hortiz ganhou também o Melhor Arranjo, assinado por Kidbone.

CANÇÃO

A categoria frevo canção teve entre os finalistas dois veteranos do frevo, o citado Getúlio Cavalcanti e J.Michiles, e os parceiros Xico Bizerra e João Neto. O primeiro, mais conhecido pelo forrós, e o projeto Forroboxote. O segundo foi durante muitos anos guitarrista na banda de Dominguinhos. Os dois venceram com O Último Raio de Lua, interpretado por Edinho Queiroz (arranjo de Flávio Lima). Getúlio ficou em segundo lugar com Me Leva Pro Céu, interpretado por sua neta, Beatriz Cavalcanti, e Michiles em terceiro, com Cacofônico (arranjos de Rogério Borges), defendido por Walmir Chagas, devidamente trajado como o Véio Mangaba, do pastoril.

A comissão julgadora foi composta pelo produtor musical, músico e compositor Zé da Flauta; pelo professor, compositor, pesquisador e coordenador musical do Paço do Frevo, Sérgio Gaia; pelo violoncelista, professor e integrante da Orquestra Sinfônica do Recife Fabiano Menezes; e pelo guitarrista, violonista, compositor e produtor musical Luciano Magno. Certamente por ter sido realizado em lugar fechado, não se viu muito entusiasmo da plateia, que ocupou três terços das poltronas do Luiz Mendonça.

Fosse realizado com o palco voltado para a esplanada do Parque Dona Lindu, o público inevitavelmente seria maior. O evento foi transmitido pela Rádio Frei Caneca. Espera-se que se promova uma divulgação condizente com a qualidade das finalistas. Para conferir os frevos que disputaram o festival acesse o link: https://festivalnacionaldofrevo.recife.pe.gov.br/.

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