MANGUEBEAT

23 anos da morte de Chico Science; relembre sucessos do mangueboy

Francisco de Assis França morreu no 2 de fevereiro de 1997

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 02/02/2020 às 11:07
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Francisco de Assis França, o Chico Science, morreu em 1997 em acidente de carro - FOTO: Reprodução
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Foi há 23 anos que uma colisão entre um carro e um poste levou Francisco de Assis França, aos 30 anos de idade, para longe da trilha de sucesso que percorria há somente dois anos. No dia 2 de fevereiro de 1997, horas depois do acidente, o luto apoderou-se do Recife e de Olinda, que já viviam o Carnaval.

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Chico Science liderou uma renovação na música popular brasileira, como não acontecia desde o tropicalismo, 30 anos antes. O manguebeat foi o primeiro movimento de alcance nacional surgido e difundido no País sem que seus agentes estivessem no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

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Nos dois discos que gravou com a Nação Zumbi, "Da lama ao caos" e "Afrociberdelia", o mangueboy deixou alguns clássicos que não podem faltar no repertório da sua antiga banda. Ambos os álbuns foram incluídos na lista dos 100 melhores discos da música brasileira da revista Rolling Stone, elaborada a partir de uma votação com 60 jornalistas, produtores e estudiosos de música brasileira: Da Lama ao Caos ficou na 13ª posição e Afrociberdelia na 18ª.

Da lama ao caos

Texto especial do repórter Robson Gomes

14 faixas. 50 minutos. Uma voz inconfundível. Uma sonoridade inigualável. 26 anos de história. Qualquer número ainda é pouco para contabilizar o que o lançamento do disco “Da Lama Ao Caos”, de Chico Science & Nação Zumbi, representou para o Manguebeat, para o Recife, Pernambuco, Brasil e o mundo. Através da fusão dos tambores e vários ritmos pop-eletrônicos, esta obra da cena mangue quebrou paradigmas, revolucionou a música, e principalmente, levou seus ouvintes a olhar criticamente às injustiças sociais a partir da visão de um caranguejo com cérebro.

Este poderia ser um domingo qualquer, mas há exatos 23 anos, Francisco de Assis França, um dos criadores deste gênero e vocalista da Nação Zumbi, morria num Domingo de Carnaval. Até hoje, é considerado um gênio, um artista que revolucionou a MPB, que juntou maracatu às guitarras e criou um novo gueto, uma nova música, o novo estilo: o manguebeat.

Maracatu Atômico

Chico passou parte de sua vida brincando nas ruas de Rio Doce, em Olinda, onde começou a ter contato maior com a música. O rapaz, nascido em março de 1966, curtia o som dançante de James Brown, mas gostava inúmeros ritmos: o funk dos anos 70, o hip hop, que despertaria sua paixão pelo graffite, pelo break, pelo som coletivo. Não demorou muito para que uma nova identidade começasse a ser criada pelo próprio, onde ele deixasse de ser Francisco para ser apenas Chico, ou ainda Chico Vulgo.

Em 1986, Chico Vulgo conhece Fred Zero Quatro e o Doktor Mabuse num programa de rádio. Mal sabiam os três que, naquele exato momento, além de iniciar uma longa amizade, estavam estreitando laços para uma revolução musical que estava por vir. Orla Orbe, Bom Tom Radio e Loustal foram as três primeiras bandas que Chico Vulgo emprestava a sua voz e a sua bagagem musical. Nesse caminho, ele conheceu Jorge Du Peixe, Gilmar Bola Oito, Lúcio Maia e Alexandre Dengue. Quando Bola Oito apresentou à banda Lamento Negro, Chico quis juntar forças com a Loustal. Numa rodinha de cerveja, decidiu chamar aquela mistura de ska, psicodelismo e tambores de “Mangue”. E essa fusão de sons diferentes acabaram lhe rendendo o apelido de “cientista da música”. Era o fim do Chico Vulgo e o início do Chico Science e a Nação Zumbi.

A Cidade

No ano de 1992, Chico Science, Fred Zero Quatro e Mabuse passam a morar juntos em um apartamento na Rua da Aurora. Ano seguinte, depois de uns trocados arrecadados num show chamado “Da Lama Ao Caos”, Chico Science e a Nação Zumbi saíram com sua “manguetour” junto com Mundo Livre S/A para São Paulo e Belo Horizonte. Não demorou muito para que aquela sonoridade singular chamasse a atenção de produtores musicais, principalmente após a apresentação desses grupos no Abril Pro Rock A Sony acabou contratando os dois grupos para gravarem seus álbuns de estreia.

No final de 1993, os pernambucanos malungos do Chico Science & Nação Zumbi – formados por Alexandre Dengue no baixo, Canhoto na caixa, Chico Science na voz e samplers, Gilmar Bolla 8 e Gira na alfaia, Jorge du Peixe com alfaia e tonel, Lúcio Maia na guitarra e Toca Ogam na percussão e efeitos – entrariam num estúdio profissional pela primeira vez, em pleno Rio de Janeiro, para dar vida àquele que seria, definitivamente, um trabalho que marcaria a música para sempre: era o início da gravação do disco “Da Lama Ao Caos”, o marco zero do manguebeat, que seria lançado em 1994.

Macô

A Praieira

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