Pop

Jennifer Lopez e Shakira: representação latina no Super Bowl 2020

Cantoras escreverão seu nome na história do evento neste domingo (2)

Márcio Bastos
Cadastrado por
Márcio Bastos
Publicado em 02/02/2020 às 8:00
Reprodução
Cantoras escreverão seu nome na história do evento neste domingo (2) - FOTO: Reprodução
Leitura:

Quando Jennifer Lopez e Shakira aparecerem hoje no meio do campo do Hard Rock Stadium, em Miami, estarão colocando seus nomes na história de um dos eventos mais importantes do esporte e do entretenimento dos EUA. Palco de momentos marcantes da cultura pop, o show do intervalo do Super Bowl reúne, desde os anos 1990, alguns dos maiores nomes da música mundial, atingindo status de fenômeno nos anos 2000 e levantando discussões interseccionais, que passam por questões de raça, gênero, entre outras. A transmissão do evento, no Brasil, começa por volta das 20h30, no ESPN.

Leia Também

    A escolha de Jennifer Lopez e Shakira para se apresentarem na 53ª edição do Super Bowl é significativa. Donas de dezenas de sucessos mundiais, como On The Floor, Get Right e Waka Waka e Hips Don’t Lie, respectivamente, elas devem fazer um show eletrizante, com muita dança e pirotecnia.

    JLo, 50, é um dos nomes mais fortes do entretenimento americano, seja na música, cinema e na moda. Americana descendentes de porto-riquenhos, ajudou a quebrar várias barreiras para a comunidade nos EUA. Shakira, 42, é colombiana, um fenômeno mundial, com mais de 100 milhões de álbuns vendidos, e é igualmente simbólico ter uma sul-americana no evento.

    E, ainda que não façam nenhum gesto político explícito, a presença de duas mulheres latinas no centro de um dos eventos mais vistos e lucrativos do mundo vai de encontro às políticas segregacionistas de Trump, como a construção do muro na fronteira com o México. Que esse encontro aconteça em Miami, cidade que pulsa com imigrantes de diversas nações do continente latino-americano, é significativo.

    “Acho que é uma ótima oportunidade fazer uma homenagem (à comunidade latina) e nos lembrar a força importante que somos”, disse Shakira em uma entrevista. “Estou feliz de poder representar as mulheres, as pessoas latinas e também pessoas de várias idades. Acho que JLo e eu estamos aqui redefinindo paradigmas de idade, raça e de onde você é.”

    SUPER BOWL: POLÊMICAS E SUPERPRODUÇÕES

    Enquanto maior evento televisivo dos EUA, o Super Bowl já tinha uma audiência garantida desde sua criação, em 1967. Nos intervalos, bandas marciais forneciam a trilha sonora até o próximo tempo da partida. A partir dos anos 1990, o espaço começou a ser visto como uma oportunidade de aumentar a audiência (e consequentemente o lucro com propaganda), o que levou a organização do evento a promover a participação de nomes como Michael Jackson e Diana Ross. Mas, até então, o evento era uma tradição exclusivamente americana.

    Em 2004, um segundo mudou tudo. Ao final da apresentação de Janet Jackson – até então uma das maiores artistas pop do planeta – Justin Timberlake acidentalmente revelou um dos seios da cantora. O momento foi quase imperceptível, mas causou uma caça às bruxas, com mais de 500 mil reclamações à emissora responsável pela transmissão (que é considerada uma atração para toda a família e, por isso, vista por muitas crianças) e abertura de uma investigação no senado americano. Outra consequência foi a perseguição a Jackson, fadada ao ostracismo devido ao boicote de rádios e estações televisivas.

    O fato também teve outras repercussões: tornou o Super Bowl um assunto mundial e ajudou a criar o Youtube. Os fundadores do site queriam achar o vídeo do show de Jackson e, como não o encontraram, decidiram desenvolver uma plataforma de armazenamento e streaming de vídeos). A internet, por sinal, foi fundamental para a popularização do show do intervalo do Super Bowl, com a transmissão por vários links e também com comentários em tempo real em plataformas como o Twitter.

    Após o incidente com Jackson e Timberlake, a NFL jogou seguro e convidou Paul McCartney. Em 2006, continuou com o rock inglês, dessa vez com os Rolling Stones, que foram seguidos por Prince, Tom Petty, Bruce Springsteen e The Who. O pop e o hip hop só voltariam a dar as caras no evento em 2011, com o The Black Eyed Peas. No ano seguinte, Madonna atraiu mais de 100 milhões de espectadores para seu show grandioso. Na ocasião, a cantora MIA foi alvo de críticas ao fazer um rápido protesto erguendo o dedo do meio para a câmera.

    Beyoncé celebrou sua carreira de hits em 2013 e a sucessão de astros continuou com Bruno Mars, Katy Perry e Coldplay. No show da banda britânica, inclusive, mais polêmica: Beyoncé, em participação especial, referenciou os Panteras Negras e apresentou a música Formation, que celebra o empoderamento negro e cujo clipe critica a violência policial. Entidades conservadoras pediram boicote à cantora, afirmando que aquele não era lugar para declarações políticas.

    Lady Gaga, Justin Timberlake (que passou incólume ao episódio com Jackson, reforçando o caráter machista e racista do episódio) e Maroon 5 completaram o time de performers nos anos seguintes.

    Últimas notícias