A música brasileira mais gravada em todos os tempos, com 399 versões, é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, de 81 anos atrás. No exterior deve ter tido quase a mesma quantidade. A segunda da lista das dez mais canções brasileiras mais gravadas compilada pelo Ecad é Carinhoso (João de Barros/Pixinguinha). Com letra a música fez sucesso a partir de 1937, na voz de Orlando Silva, instrumental ela vem de 1916. A única nordestina da lista é Asas Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), de 1947, que teve 304 versões.
Asa Branca também teve versões no exterior, uma dolorosa, feita por Demis Roussos, em 1975. As outra sete canções com mais regravações, todas são do repertório da bossa nova, o que ratifica a importância e qualidade da BN. Garota de Ipanema, segundo o Ecad, teve 376 no Brasil. Certamente teve muito mais no exterior, onde é um dos mais populares standards. Como se pode notar, são todas canções antigas. A mais recente é Wave, de Tom Jobim, lançada em 1967.
Mas a quantidade de regravações não se deve à antiguidade, mas à qualidade. Regravações é que o dá a marca da perenidade a uma música. A garantia de que será lembrada nos séculos seguintes. Pegue-se, por exemplo, uma das compositoras mais populares dos últimos 25 anos, a também cantora Ivete Sangalo. Contam-se nos dedos de uma mão, e sobram dedos, as vezes em que foi regravada. De todas as artes a música tornou-se a mais circunstancial, descartável e com prazo de validade.
A DEZ MAIS
As dez composições com mais versões da MPB, com a as respectivas quantidade de vezes em que foram regravadas:
Aquarela do Brasil (399), Carinhoso (389), Garota de Ipanema (376), Asa branca (304), Manhã de carnaval (276), Eu sei que vou te amar (257)
Wave (238), Corcovado (228), Chega de saudade (228) Desafinado (216)