QUADRINHOS

Liniers fala sobre a poética das suas tirinhas

Quadrinista argentino esteve no Recife para lançar livro e fazer uma palestra; exposição segue em cartaz até domingo (2/12)

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 01/12/2012 às 5:55
Montagem em cima de fotos de Priscilla Buhr/JC Imagem
Quadrinista argentino esteve no Recife para lançar livro e fazer uma palestra; exposição segue em cartaz até domingo (2/12) - FOTO: Montagem em cima de fotos de Priscilla Buhr/JC Imagem
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Poucos artistas levam para o papel uma representação tão fiel de si mesmo como o quadrinista argentino Ricardo Liniers. Os elementos fantásticos dos seus quadrinhos em Macanudo estão justamente nas histórias que ele vê no nosso próprio cotidiano. Ele é também o dono de um humor leve, no mesmo tom de suas tirinhas; e é poético na sua fala na mesma medida em que é no seu desenho.

Em entrevista na Caixa Cultural nesta sexta (30/11) – lançou na ocasião o livro Macanudo 5 e fez uma disputada palestra sobre o universos de seus personagens –, ele contou que nunca entendeu as pessoas que se juntam, por exemplo, para tocarem igual aos Rolling Stones. “Ninguém nunca será melhor que os próprios Stones em ser eles mesmos. Quem tentar, vai ser apenas um Rolling Stones horrível”, brinca. Para criar, afinal, é preciso querer ser si mesmo da forma mais sincera possível.

Esse é Liniers – cuja exposição Macanudismo, na Caixa Cultural, fica em cartaz até domingo (2/12) –, um retrato autêntico dos personagens que cria para o jornal argentino La Nación. Nome de destaque da produção em quadrinhos latino-americana, ele já chegou a ser publicado pela Folha de S. Paulo e suas tirinhas não são raras em redes sociais e blogs: o fato é que muitos estão encantados com os desenhos de Liniers, e estariam igualmente encantados se conhecessem o artista, um perfeito e adorável representante da poética da sua obra.

Isso é fácil de provar. O autor considera uma das vantagens de desenhar diariamente para jornais o fato de ir treinando cada vez mais. “Eu creio que a única forma de fazer algo bem é fazê-lo muito, sempre. É preciso fazer até que aquilo se torne natural”, explica. Para ele, o ideal é que desenhar se torne como falar: não precisamos refletir sobre cada palavra no momento em que a dizemos.

Foi dessa naturalidade que nasceu Macanudo. “Eu não tinha ideia do que seria quando a tirinha começou. Até hoje, quando surge um personagem, não sei se é algo que vai durar uma tirinha, cinco ou mais”, conta o autor. Apesar de estar longe da normalidade dos quadrinhos de jornal – seu trabalho está mais próximo da poeticidade de Quino –, Macanudo é a parte mais “clássica” do seu trabalho.

Mas mesmo na série diária ele exercita sua liberdade, inclusive, se desprender do humor em algumas ocasiões. “Eu não sinto que todos os dias preciso criar uma piada. Eu prefiro às vezes criar a partir de uma ideia interessante do que fazer uma piada ruim”, aponta.

Atualmente, ele luta para conseguir fazer, além das tiras diárias, uma narrativa mais longa, parceria com o escritor mexicano Mario Bellatin. O problema é que ele se distrai ao fazer histórias grandes. “O meu cérebro sempre funcionou como o Twitter”, brinca. “Ele funciona com um máximo de 140 caracteres desde a quinta série”.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste sábado (1/12).

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