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Culturata hoje em Olinda pelo forró

Proposta para tornar forró patrimônio imaterial da humanidade

Do JC Online
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Do JC Online
Publicado em 26/01/2013 às 10:46
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Hoje à tarde, a partir das 14h, a Une promove uma culturata (passeata cultural), que irá da Praça do Carmo até o Alto da Sé em Olinda. A animação fica por conta das Conchitas, um grupo de maracatu feminino, e de uma orquestra de frevo: “Os encontro da Une terminam sempre com esta culturata. Desta vez vamos chamar atenção para a proposta que lançamos nesta bienal de tornar o forró patrimônio imaterial da humanidade. Fred Zeroquatro, da Mundo Livre S/A, e Alceu Valença já confirmaram que apoiam a iniciativa”. 
Quem diz isto é Daniel Iliescu, presidente da União Nacional dos Estudantes, no cargo há um ano e meio.
Quinta-feira ele recebeu o apoio da Secretária Executiva do ministério da Cultura, Jeanine Pires, que comentou a proposta da entidade estudantil: “Ontem estivemos na Bienal da UNE e eles manifestaram oficialmente o desejo que o Iphan - que é o órgão do Brasil que trabalha junto ao credenciamento e a defesa técnica daquele que possa a vir a ser patrimônio da humanidade – que o forró passe pelo mesmo processo que o frevo passou”. Jeanine Pires disse que já levou a demanda à ministra da Cultura. A secretária do Minc ressaltou a importância crescente do forró internacionalmente: “Antigamente tudo que era música brasileira os estrangeiros achavam que era samba. De uns anos pra cá, muito pela maneira como o Nordeste promove o turismo no exterior, ele começa a aparecer como característica cultural do brasileiro. O forró está se proliferando e tem um apelo, num cenário de globalização que diferencia as pessoas quando todos consumem produtos muito parecidos, o que diferencia é essa unicidade da cultura. O forró tem um grande valor histórico e da representatividade da cultura nordestina”.Daniel Iliescu, no entanto, ressalta que o forró a que se refere é o tradicional: “O forró a que nos referimos é o de Luiz Gonzaga, o que é matriz muita cultura. que respeita a mulher, não esta música da qual as elites se apropriaram, como fizeram com o samba, que virou o pagode mercantilista, ou mesmo o funk da periferia do Rio, que servia para denunciar mazelas daquela sociedade, e virou o que se conhece hoje”, diz Iliescu. A movimentação promovida pela UNE, na Praça do Carmo, começa logo cedo, às 11h, com a Cordelândia, atividade cultural dirigida ao público infantil.


FORRÓ OU BAIÃO?

O forrozeiro Dominguinhos acha que o que hoje se chama de forró deveria ser chamado de baião. O ritmo inaugural da revolução realizada por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. O Baião poderia ter se tornado PatrimônioCultural e Imaterial da Humanidade quando completou 60 anos, a contar de sua gravção pelos Quatro Ases e um Curinga.
O baião, assim como o samba, tornou-se uma dos componentes do DNA da MPB moderna. Está na músicade artistas como Edu Lobo, Chico Buarque ou Chico Science & Nação Zumbi. Foi ainda mais além, influenciou autores de rhythm & blues americanos de final dos anos 50, como Leiber & Stoler, Carole King, e mesmo Burt Bacarach (Do you know the way to San Jose, por exemplo, tem claros elementos de baião).
Já o forró, que no início era sinônimo de samba, a festa, não um ritmo, ou gênero musical, tornou-se um coletivo dos ritmos estilizados por luiz Gonzaga e parceiros, em seu bojo cabe tudo, do xote ao frevo. Sem esquecer que está cabendo até o que nada tem a ver com forró.
O que fazem as bandas chamadas de forró estilizado, ou fuleiragem music (denominação mais apropriada para que fiquem desvinculadas do forró)? Misturaram a lambada com cacoetes de axé music, numa bastardização de ritmos da forma comercial, no pior sentido do termo. Com esta orposta de tornar o forró Patrimônio Imaterial da Humanidade corre-se o perigo de que Calcinha Preta, Saia Rodada e Garota Safada entre no pacote, tornando Wesley Safadão Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

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