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Morena Nascimento e Benjamim Taubkin juntos em espetáculo

A bailarina e o pianista apresentam "Um diálogo entre música e dança" na Caixa Cultural

Eugênia Bezerra
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Eugênia Bezerra
Publicado em 31/10/2013 às 6:00
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A apresentação do espetáculo Claraboia, terça e quarta-feira (29 e 30/10), na Caixa Cultural, mexeu com a curiosidade do público. A bailarina Morena Nascimento dançou sobre o piso de vidro do primeiro andar e as pessoas assistiram à performance deitadas no térreo do prédio. No primeiro dia, os ingressos esgotaram rapidamente. "É um trabalho que tenho gostado muito de fazer. Ele está no lugar da fantasia, dos sonhos. Não segue estes padrões em que tudo é mostrado explicitamente. Ele tem estes efeitos do teatro tradicional, no uso da luz, no figurino, nos efeitos", afirma Morena.

Desta quinta-feira (31/10) até sábado (2/11), a bailarina e o pianista Benjamim Taubkin mostram o espetáculo Um diálogo entre música e dança, no Teatro da Caixa Cultural. As sessões começam às 19h30 e os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) – as vendas já começaram na bilheteria do centro cultural.

"Este espetáculo surgiu na mesma época (que o Claraboia), quando eu estava voltando da Alemanha. É resultado de um diálogo que temos desde 2002, quando fui dançar em um festival em Salvador. Ele fazia a curadoria da parte de música do evento. Depois disso, eu ia assistir aos espetáculos dele e ele ia ver os meus. Quando voltei da Alemanha, ele fez o convite", lembra a bailarina.

"Fizemos muitas improvisações. Aos poucos, criamos um pequeno roteiro com coisas que a gente gostava para poder aprofundar. É um trabalho simples, não tem um tema, ele é simplesmente este diálogo", continua.

No espetáculo, Benjamin toca músicas dele, quase todas criadas especificamente para esta obra, e também uma composição de Morena e Marcelo Poletto, My blues on you, que ganhou arranjos do pianista.

Claraboia foi criado no fim de 2010. "Eu recebi um convite do Centro de Cultura Judaica (São Paulo) para fazer uma intervenção em dança que dialogasse com a luz, que era o tema do evento. Eles chamaram fotógrafos, artistas plásticos, atores, cineastas, músicos. Poderia usar qualquer espaço e atentei à claraboia", lembra Morena, que divide a direção do trabalho com Andreia Yonashiro.

Desde então, o espetáculo foi apresentado em vários lugares, levando em consideração as características de cada local (na Caixa Cultural, por exemplo, não foi possível fazer a cena com água e tinta guache que aparece no vídeo abaixo, pois o líquido passaria pelas vigas). "Cada claraboia tinha especificidades arquitetônicas. Há todo um diálogo antes com a produção local, converso com o engenheiro para saber se é seguro, se eu realmente posso dançar ali. Tem também a questão de deixar o espaço influenciar. Muitas vezes o roteiro original sofre interferências, a gente muda a ordem, às vezes uma cena não acontece ou novas cenas acabam surgindo", detalha a artista.

Depois do solo, Morena e Andreia criaram Estudos para claraboia, que estreou em 2012 no Sesc Belenzinho. O público podia escolher entre três perspectivas para assistir ao espetáculo: dentro da piscina (acomodado em boias), no térreo ou nos pisos superiores da construção. Os bailarinos dançavam sobre uma estrutura de 16,5 m de comprimento por 12,4 m de largura. "Quando tivemos a ideia de fazer o espetáculo lá, pensamos em trazer mais corpos. O espaço tinha uma dimensão dez vezes maior que a nossa primeira claraboia e eu também queria experimentar processos de criação com mais intérpretes. O resultado estético é completamente diferente. A gente focou muito nos intérpretes, trabalhando com as características de cada um. Foi uma experiência super-rica para mim", avalia Morena.

A bailarina prepara um novo espetáculo. O solo Reverie estreia em Düsseldorf (Alemanha), no Festival Pina 40, nos próximos dias 16 e 17 de novembro. O evento celebra os 40 anos da companhia de Pina Bausch, da qual Morena fez parte por três anos. "O solo tem dramaturgia de Carolina Bianchi, é a primeira vez que chamei uma dramaturga para trabalhar comigo. Ele partiu da inspiração que tive ao ver obras de uma fotógrafa alemã da década de 1920, Grete Stern, principalmente da linguagem da colagem. Não é um espetáculo sobre Grete, parte desta inspiração. Ainda estou finalizando o solo", explica.

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