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A Spokfrevo Orquestra finalmente lança segundo disco

Uma noite de música e músicos impecáveis no Dona Lindu

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 25/11/2013 às 7:06
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Uma noite de música e músicos impecáveis no Dona Lindu - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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A Orquestra de Nelson Ferreira, com o saxofonista Félix Lins de Albuquerque, o Felinho das antológicas variações de sax em Vassourinhas, foram convidados, virtuais, no show de lançamento do disco Ninho de vespa, da Spokfrevo Orquestra, sexta-feira, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.

Graças à tecnologia, o maestro Spok e os músicos a orquestra puderam realizar o sonho de tocar com a Orquestra do grande Nelson Ferreira, cuja gravação de Vassourinhas, de 1956 (com selo Mocambo) foi tocada em um gramofone no palco, enquanto no telão foram projetadas imagens dos mestres do frevo como Lourival Oliveira, José Menezes, e Félix Lins de Araújo, o saxofonista Felinho, ator das célebres variações em Vassourinhas.

Um momento tocante, até porque outros mestres do frevo, como Edson Rodrigues, Ademir Araújo, e Duda encontravam-se na plateia.  Nelson Ferreira voltou a ser lembrado em O que Nelson Gostou, pot-pourri com os frevos de rua Gostosão, Gostoso, e Gostosinho, que teve participação do trompetista Zé Maria, que tocou muitos anos na orquestra de Nelson Ferreira.

Foi uma noite de celebração do frevo onde foram também lembradas composições do maestro José |Menezes, falecido na semana na semana anterior, com o maestro Spok enfatizando o aspecto de que o frevo que ele e seus companheiros de orquestras tocaram nas ruas do Recife e Olinda finalmente foi aceito também como música de concerto.

A plateia, que lotou o teatro, era a confirmação disto. Assistiu a orquestra repassar quase todo o álbum Ninho de vespa, sem que ninguém deixasse a poltrona para fazer o passo. Um frevo sem passo, mas de compasso acertado, na maioria das vezes a 160 (o frevo tradicional fica pelos 120), mas que também tem força de arrebatar o público.

Isto aconteceu logo na primeira música da noite, 11 de abril, e Dominguinhos (composta para filha Liv de Moraes, que estava na plateia), e em mais três ocasiões durante o concerto, que também fechou o ciclo de Passo de anjo, título do disco de estreia da banda, de 2003. As músicas de Ninho de vespa não foram apresentadas na ordem do disco, e alguns dos convidados que tocaram no CD participaram do show. O sanfoneiro Beto Hortiz, o guitarrista Luciano Magno, o tecladista Tiago Albuquerque. O flautista Cesar Michiles, e baixista Bráulio Araújo, curioso é que nenhum deles toca o mesmo instrumento, reforçando a ideia do frevo com solista e de forma até inusitada. Bráulio Araújo, por exemplo, compôs De baixo no frevo, segundo o maestro Spok, o primeiro frevo feito para contrabaixo.

Mas o público da orquestra já se acostumou com um frevo novo, que nem pode ser necessariamente composto por pernambucanos. Como o próprio Ninho de vespa, que dá nome ao disco, que é assinado por dois cariocas, Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro (o único do disco que tem letra).  Mas com todas as inovações o frevo de solistas da SFO não consegue deixar a tradição. O final do concerto foi com a indefectível Vassourinhas, interpretada pela orquestra e todos os convidados.

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