Disco

Jair Oliveira, aos 39 anos, repassa 30 anos de carreira

Em DVD ele relembra o Balão Mágico e reúne a turma da Trama

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 09/04/2014 às 10:59
Leitura:

Jair Oliveira queria contar uma história que já tem 30 anos. A história de sua carreira, iniciada em 1982, quando cantou com o pai, Jair Rodrigues, a canção Io e te, num festival de San Remo, na Itália. Uma história que teria que ser contada no palco. Foi para isto que montou um show, para a gravação do DVD, que reuniu em torno dele, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o pai, a irmã, Luciana, e amigos que percorreram com ele estas três décadas, incluindo a amiga Simony, com quem apresentava a (mais Mike, filho do inglês Ronald Biggs), o programa infantil Balão mágico, na TV Globo.

Ao contrário do pai, Jair Oliveira, não é de falar muito, tem-se a impressão de que o profissional está o tempo inteiro presente. Formado em música por Berklee, cantor, compositor, produtor. Sua mais recente empreitada na produção foram dois discos de sambas de Jair Rodrigues, projeto sugerido por ele. E é com um dos maiores sucessos de Jair Rodrigues, Disparada (Geraldo Vandré/Théo de Barros), que o repertório do DVD é aberto: “Esta música faz parte da história, porque tudo começa com meu pai. /depois tem Io e te, que cantamos juntos quando eu tinha sete anos. E segue numa ordem mais ou menos cronológica. Passo pela fase Artistas Unidos, uma turma que gravava na Trama, Simoninha, Max de Castro, Daniel Carlos Magno”.

A Trama, gravadora dirigida por João Marcelo Bôscoli, marcou época na indústria fonográfica nacional, foi a primeira a se utilizar de novas ferramentas, pioneira no país em vender música digital, e abrindo espaço para artistas iniciantes no Trama Virtual. Com Simoninha, Max de Castro, Luciana Mello, Pedro Mariano, Daniel Carlos Magno, Jair Oliveira, Otto, Ed Motta (por pouco tempo).  Foi uma empresa moderna, de certo modo subestimada, já que criou uma estética em design, na sonoridade dos artistas. Inovou até mesmo na forma de relacionamento patrão/empregado. Não havia, por exemplo, escritórios fechados para o diretor João Marcelo, ou para o presidente André Szajman.

Curiosamente a atual geração paulistana não comunga de muitas afinidades com a turma da Trama: “Acho que esta geração que veio depois tem influências de coisa que fizemos no final dos anos 90. Me dou bem com o pessoal, mas não tenho uma reelação muito próxima. Gosto de alguns caras que estão surgindo. Tem gente de muitos estados, São Paulo sempre teve esta abertura”, comenta Jair Oliveira.

NO DVD tem-se oportunidade de rever os Artistas Unidos, que era como se chamava o coletivo, todos juntos num clássico da era Trama, Samba raro (Max de Castro/Bernardo Vilhena), Em juntam-se a Jair Oliveira, Luciano Mello, Pedro Mariano, Simoninha, Daniel Carlos Magno, Max de Castro. O grupo participa de cinco faixas, mais a faixa bônus, (Tiro onda). Uma iniciativa que pode até provocar um revival do som da Trama, que está completando 15 anos.

Curioso é que boa parte da música que Jair Oliveira cantava quando era conhecido como Jairzinho, e fazia o Balão Mágico, é assinada por Edgar Poças, que é pai da cantora Céu, musa da nova geração pop paulistana. Nas canções que Jair canta com Simony, três delas são versões, todas feitas por Edgar Poças: Bombom , Coração de papelão (Puppy Love, sucesso de Paul Anka), e Superfantástico. A interpretação pela dupla destas canções que deve habitar memórias afetivas de quem era criança na época, não evoca nostalgia, ou as caricatas festas Ploc. Jair está fazendo o inventário de sua vida, às vésperas de entrar na emblemática casa dos 40 anos. 

Ele continua fazendo música, gravando discos (o ultimo foi de 2011), e diz não se importar se o rádio não toque. Mesmo que o DVD esteja sendo distribuído pela Som Livre (foi lançado pela empresa dele Cine e S de Samba): “A parceria coma Som Livre é apenas para distribuição, não contratado da gravadora. É muito difícil para o artista independente ser tocado. A gente espera que funcione na Internet, é claro que torço para que toque, mas da minha parte, eu trato de ser fiel ao que faço e ao que acredito”.

Últimas notícias