Discos

Os novos discos de roqueiros veteranos dos anos 80

Quase todos ainda criativos depois de todos estes anos

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 24/06/2014 às 8:48
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A americana Chrissie Hynde lança disco solo, 35 anos depois de fundar The Pretenders, uma das mais elogiadas banda do pós-punk inglês. Ian McCullough reaparece com mais um álbum creditado ao Echo and the Bunnymen, uma das grandes bandas pop de Liverpool nos anos 80. A Pixies, outro nome importante dos anos 80, depois de idas e vindas lançou um álbum de inéditas. Debbie continua insistindo com o Blondie, banda da cena new wave de Nova Iorque, do final dos anos 70

Natalie Merchant foi vocalista do 10.000 Maniacs, grupo surgido no começo dos anos 80 em Nova Iorque, e partiu para carreira solo há 20 anos, e acaba de lançar mais um álbum. Paul Weller passou seis anos na The Jam, seminal banda inglesa de final dos anos 70. Outros seis na estilosa Style Council, e está desde os anos 90 em carreira solo. Por fim, mas não menso importante, Bob Mould, que integrou, na década de 80, a Hüsker Du, grupo que exerceu influência, entre outros, no Pixies e Nirvana, está com mais um disco solo.

Todos são suficientemente importantes, para conseguirem se sobressair entre a miríade de novos lançamentos arremessados todos os dias, em lojas virtuais, e não apenas dos principais centros da música pop. O mundo tornou-se realmente uma aldeia global. Estes veteranos ainda tem o que dizer, depois e todos estes anos de estrada? 

Stockolm, Chrissie Hynde - O último álbum dos Pretenders foi Breakup the concrete, de 2008. A cantora definiu seu novo disco como uma mistura do Abba com John Lennon. Feito com os suecos Peter Bjorn and John, Stockholm tem participação de Neil Young, numa faixa. Mas soa como mais um disco dos Pretenders, afinal Chrissie Hynde sempre foi a banda, que passou por diversas modificações na formação desde o primeiro álbum. Curiosamente, a canção que abre o disco, You or no one, lembra a parede de som de Phil Spector, com uma melodia de Girl Group de inicio dos anos 60. A percussão no começo de Dark sunglasses, faixa seguinte, certamente é influência do período em que viveu em São Paulo. A guitarra de Neil Young é imediatamente identificável na faixa Down the wrong way. Stockholm não acrescenta muito ao trabalho de Chrissie Hynde, embora também não seja mais do mesmo. Apenas mostra que ela não perdeu o pique, nem a habilidade compor boas canções de power pop.


Indie city, Pixies - Primeiro álbum do grupo desde Trompe le monde (1991),e sem a baixista Kim Deal. Produzido por Gil Norton, que produziu dois clássicos da banda, Doolitle, Bossanova e Trompe le monde. Indie City teve lançamento metodicamente arquitetado. As canções foram lançadas antecipadamente, em EPs. O lançamento oficial do álbum abrangeu todos os formatos: digital download, digipak CD, album duplo de vinil, edição deluxe em CD e vinil, com um CD de disco de bônus, mais um libreto de 40 páginas. Uma coleção de inspiradas canções pop, mas que se parecem mais com um disco solo de Black Francis, o mentor do grupo. Indie city, a música que dá nome ao álbum parece um outtake dos primeiros disco solo de Francis. Kim Deal fez falta ao grupo.

Meteorite, Echo and the Bunnymen - Modéstia não é uma das qualidades de Ian McCullough, vocalista e principal compositor da banda, de Liverpool, Echo and the Bunnymen. Em recentes entrevistas, McCullough disse que considera Ocean rain (1984) do Echo and the Bunnymen, um dos melhores álbuns da história do rock. De Meteorites, o mais recente disco da banda obviamente ele julga uma obra prima. Inegavelmente influente, a Echo and the Bunnymen teve seu apogeu ate meados dos anos 80. Influenciou bandas como a Coldplay. Só restam da formação original, ele e Will Seargent, McCullough continua a criar belas músicas, mas aqui elas recebem arranjos pomposos. Faixas feito Constantinopla ou Market town são muito boas, mas não há nada aqui ótimo, como por exemplo, Bring on the dance horses. Meteorite tem apenas 10 músicas, mas na metade já fica cansativo. 

More modern classic, Paul Weller - Principal integrante do The Jam, nos anos 70, e do Style Council, nos anos 80, Paul Weller lançou onze álbuns solo, mas nenhum tem o mesmo impacto que seu trabalho com as duas bandas. Provavelmente, porque Paul Weller, assim como Ray Davies, dos Kinks, seja extremamente inglês. A faixa que fecha este álbum pode ser confundida com alguma dos Kinks, de discos como The Kinks are the Village Green Preservation Society (1968), o que não significa que Weller faça uma música inalcançável para os que não súditos da Rainha Elizabeth. Algumas das canções de More modern classic (com 21 faixas), estão entre as melhores que Paul Weller já gravou. Embora tenham sido feitas em épocas diferentes (a carreira solo dele já tem 15 anos) há uma liga estética entre as músicas. Este álbum se complementa com o anterior Modern Classics, ambos despertam o interesse pelos discos solo de Paul Weller.

(Leia matéria completa na edição de hoje do Jornal do Commercio)


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