Música

Ângela Maria, a Rainha do Rádio, ao vivo na Nacional

Caixa com quatro CDs resgata programa da Sapoti dos anso 50

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 27/07/2014 às 6:00
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Uma caixa de discos para levar o ouvinte à gloriosa era de ouro do rádio: Rainha do rádio (1955/1956) (Discobertas), quatro CDs, que reproduzem edições do programa Ângela Maria canta, que ia ao ar pela Rádio Nacional. Vencedora do concurso de Rainha do Rádio, em 1955, a cantora ganhou seu próprio programa, o que comprova o prestígio que desfrutava. O programa, acontecia com toda a pompa que a época exigia, com dois locutores, ou speakers, e um narrador, fazendo a apresentação. A cantora era acompanhada por uma grande orquestra, dirigidia pelo Maestro Chiquinho. Tudo acontecia, claro, diante de uma plateia, que lotava o auditório da Nacional, e que gritava e assoviava ensandecida. O jornalista e radialista pernambucano Nestor de Holanda, por sinal produtor do progama de Ângela, batizou as fanzocas de “macacas de auditório”, expressão usada até hoje).
A restauração das fitas destes show levaram a excelente qualidade sonora dos quatro CDs, que realçam os detalhes do programa, dos “reclames” (jingles), aos instrumentos que são usados nas batucadas (como ainda se chamava o samba com percussão, geralmente para o carnaval), audíveis, mesmo com a gritaria das macacas de auditório. “Estamos a menos de dois meses da folia de Momo. Hoje à noite Momo entrará triunfalmente na cidade. De amanhã em diante, com o romper do ano novo, podemos dizer que já estamos em pleno reinado do monarca da alegria, o rei Gordo e bonachão, que nos contagia com seus folguedos e seus ritmos alucinantes. Como deseja um feliz 1956 para todos, Ângela Maria lhes oferece mais uma de suas criações carnavalescas”, diz empolado e solene Hamilton Fazão, o locutor, e entra a cantora: “De Mirabeau e Milton de Oliveira, Fala Mangueira”.
Assim como também acontecia no Recife, onde se realizava o outro grande carnaval do país, a virada do ano aceitava também marchinhas e sambas carnavalescos, além das tradicionais canções natalinas. A jovem cantora (então com 25 anos), mostra-se impecável ao vivo, num repertório eclético, embora caprichado no samba-canção. Em 1955, ela manteve-se várias semanas nas paradas com Recusa, de Herivelto Martins, o compositor. Jamais se cantava uma música sem citar o nome do autor. “Com seus lindos olhos, muito bem tratados e protegidos com o colírio Moura Brasil, com sus pestans recurvadas com Cilion, aqui está, senhores ouvintes, o olhar terno de uma das cantoras mais populares do rádio brasileiro”. Ângela Maria, antes de cantar o samba Rio e amor (Bruno Marnet). Muitas das canções que Ângela interpreta nem tinham ainda sido gravado, como é  caso de Terra seca, de Ary Barroso, que ela lançaria num compacto em 1956, é antecipado em 1955.
A caixa acrescenta raridades à discografia da Sapoti, reunindo, por exemplo, canções natalinas gravadas pela cantora, mas dispersas por 78 rotações, como é o caso da marchinha Presente de Natal (Oscar Bellandi/Luis de França/Bené Alexandre), ou Papai Noel esqueceu (David Nasser/Herivelto Martins). que ele gravou em dueto com o cantor João Dias (que participa do programa nesta faixa) Beste programa, que foi ao ar em 24  de dezembro de 1955. Os quatro CDs contèm o registro de programas que foram ao ar de 11 de junho de 1955 até 3 de novembro de 1956. O programa de 20 de outubro de 1956 é especial. Comemora-se os 20 anos de fundação da Rádio Nacional. Sem esquecer de lembrar do Moura Brasil, que lhe trata os olhos, e de Cilion, que lhe curva as pestanas, ela canta Maria do cais, de Luis Antônio, que só gravaria em 1958. Enqaunto o locutor conta a história da “maior emissora de rádio da América Latina”, Ângela Maria volta ao início da Nacional, com Lábios que beijei (de J.Cascata e Leonel Azevedo, lançada por Orlando Silva em 1937), faixa de Sucessos de ontem na voz de hoje, seu álbum de estreia na Copacabana, um dos melhores de sua extensa discografia”.
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