Nos últimos anos, em vários centros urbanos do mundo, os protestos de rua – mesmo quando tinham outros objetivos – se revelaram também como uma forma de pensar a cidade através das ocupações. Para refletir sobre o papel desses grandes centros dentro do capitalismo, um dos principais teóricos marxistas da atualidade, o geógrafo britânico David Harvey, vem ao Recife para uma conferência no Arcádia Paço Alfândega, nesta segunda (17/11), às 9h30.
A palestra tem como tema A economia política da urbanização: acumulação do capital e direito à cidade, mas Harvey também vai lançar por aqui o seu novo livro, Para entender O capital: Livros II e III (Boitempo), uma introdução à principal obra do pensador alemão Karl Marx – a editora também publica o segundo volume da sua edição definitiva de O capital. Na sua última passagem pelo Brasil, no ano passado, o autor atraiu mais de 5 mil pessoas para suas palestras. Agora, vem para o Recife em uma turnê que ainda inclui Brasília, Fortaleza, Curitiba e São Paulo.
No livro, Harvey explica que a cidade capitalista “é certamente o exemplo mais eloquente do poder de um certo tipo de desejo, conhecimento e prática objetivados”. Seu interesse pelos centro urbanos se dá porque ele vê que as cidades podem ser um mecanismo de análise mais interessante do que a própria classe trabalhadora para o marxismo atual. Para ele, a dinâmica da urbanização desenfreada é própria do sistema econômico para evitar crises, e acaba decidindo arbitrariamente quem pode viver em determinado lugar e quem não pode. No artigo The right to the city (O direito à cidade, em tradução livre), Harvey afirma: “a questão sobre que cidades nós queremos não pode ser divorciada da questão sobre que tipo de laços sociais, relações com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos que nós desejamos”.