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Jessier Quirino dá uma geral em duas décadas de carreira

DVD Vizinhos de grito reune poesia, causos, piadas e música

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 16/04/2015 às 13:04
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DVD Vizinhos de grito reune poesia, causos, piadas e música - FOTO: divulgação
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Recordista em vendas de disco e livros ­ numa época em que nem um nem outro fazem parte da lista de prioridades da maioria dos pernambucanos ­ o paraibano Jessier Quirino estreia em DVD com Vizinhos de grito (Bagaço), que lança hoje, a partir das 19h, na Passa Disco, no bairro de Parnamirim: "Já estava devendo um ao público. Tem alguns que vendem por aí, e o que é uma coisa desrespeitosa pela má qualidade", reclama Jessier.

"Em 2012, a Rede Globo gravou um show que fiz no Teatro Boa Vista para um especial de final de ano, que foi ao ar em 2013. O DVD, no entanto, é diferente. Eles nos entregaram as imagens que registraram, e fizemos uma edição nossa. Tem fala, ou certos gestos que não estão no especial. Usamos também cenas externas, além dos extras: o Vou­me embora pra Pasárgada foi do programa Ensaio, de Fernando Faro, TV Cultura".

A música, a poesia e a performance chegaram cedo ao campinense Jessier Quirino, que mora em Itabaiana (PB), cidade de pouco mais de 24 mil habitantes (a 95 km do Recife), fonte de suas poemas, causos e personagens, como Mané Cabelim: "O pessoal gosta muito. Surgiu de popa dada por uma mulher no cabra raparigueiro. Quando passei pras histórias, o personagem ficou ao contrário, com ele levando esporro pela mulher que tem", conta. "Mas não é só morar em Itabaiana. Vou atrás da história, da inflexão, da expressão. Anoto tudo, no que tiver à mão: talão de cheque, qualquer papel. Muitas vezes, nem entendo o que escrevi. Outro dia estava lá: carne de sol pra violino. Descobri que era canal de som pra violino. Deste erro posso criar uma história."

Vizinho de grito dá uma geral nesses 20 anos, desde que ele aportou com seu matolão no Recife, e foi apresentado ao escritor Paulo Caldas pelo amigo comum Paulo Carvalho. Conheceu também Arnaldo Afonso: "Paulo fez a orelha do meu primeiro livro, Paisagem de interior, pela Bagaço ­ que lançou todos os meus livros e os dois discos Paisagem do interior. Isso foi em 1996 e teve uma crítica muito boa de Mário Hélio. Com Prosa morena, dois anos depois, pegou", relembra. "Aí veio Geraldo Freire e começou a divulgar no programa dele, na Rádio Jornal, que pega tanto um público povão quanto o intelectual que escuta os debates."

Pelas beiradas como quem come um prato de papa, o paraibano foi arrebanhando público, até que se decidiu: deixou em segundo plano uma bem sucedida carreira de arquiteto. "Minha especialização era concessionária de automóvel. Comecei fazendo para a Fiat, que me indicou a outras empresas. Ainda faço alguma coisa em arquitetura, mas pouco, falta tempo."

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