CINEMA

Comédia transforma Lady Violet, de Downton Abbey, em sem-teto londrina

A atriz Maggie Smith ganha um papel menos glamouroso no filme The Lady in The Van, de Nicholas Hytner

Folha Press
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Publicado em 16/06/2015 às 12:12
Foto: Stuart Wilson/Getty Images
A atriz Maggie Smith ganha um papel menos glamouroso no filme The Lady in The Van, de Nicholas Hytner - FOTO: Foto: Stuart Wilson/Getty Images
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Maggie Smith, 80, é reconhecida atualmente em todo o planeta como a matriarca ranzinza e elitista Violet Crawley, da série britânica Downton Abbey.

Mas, em breve, ela poderá ser vista em um papel bem menos glamouroso no filme The Lady in The Van, de Nicholas Hytner (As Loucuras do Rei George): uma sem-teto que mora em um furgão estacionado há 15 anos em uma rua de Londres.

O longa é a adaptação da premiadíssima peça homônima escrita pelo dramaturgo Alan Bennett, em 1999, e que rendeu o Olivier Awards, maior honraria do teatro britânico, à própria Maggie Smith, em 2000.

"Ela traz um senso de humor para uma personagem que é completamente desprovida de humor", contou Hytner via conferência online para a imprensa internacional em Cancún, México.

A trama, também assinada por Bennett, conta a história verídica de como o escritor conheceu a excêntrica Miss Mary Shepherd, uma senhora que morava em uma van estacionada em sua rua -antes de mudar-se, com o veículo, para a entrada da casa de Bennett, no norte de Londres.

"Alan já era uma figura conhecida em Londres antes mesmo de conhecê-lo. Passei em frente de sua casa, no bairro de Camden, e vi aquele veículo com uma mulher dentro e pensei: 'Ele deixa a mãe em um furgão?'", brincou o cineasta.

Anos depois, Bennett decidiu escrever sobre a mulher, morta há 25 anos, e como ela influenciou uma área de ingleses ricos, mas liberais da capital inglesa. "Todos que moravam ali achavam que ganhavam mais dinheiro que mereciam. E Miss Shepherd sabia que, por causa disso, aquela era a única rua de Londres que ela poderia estacionar sua casa", explicou o ex-diretor do Teatro Nacional de Londres.

Durante a pesquisa, o dramaturgo descobriu coisas extraordinárias sobre sua inquilina, como o fato de ela ter estudado piado clássico por dez anos e ter morado em Paris.

"Ele encontrou uma sensação de desperdício muito grande quando soube dessas coisas ao falar com o irmão dela", disse Hytner, que entrevistou dezenas de moradores da área e consultou todos os manuscritos deixados por Shepherd, hoje guardados em uma biblioteca de Oxford, entre "Shakespeare e contos do Condado", como disse o diretor.

"Mas a maior lembrança de todos era do cheiro dela. Ela era muito fedorenta. Além disso, gritava com as crianças na rua e era magnificamente ingrata", descreveu Nicholas Hytner. "Maggie consegue, no entanto, encontrar o coração e a alma de cada cena", elogiou a ganhadora do Oscar três vezes por A Primavera de uma Solteirona(1969), California Suite (1978) e Assassinato em Gosford Park (2001).

"Ela é inteligente e uma lenda. Engraçado ter ficado mais famosa que era por causa de Downton Abbey. Acho que essa é a natureza da TV, mas é um pedaço pequeno de uma carreira extraordinária."

The Lady in The Van ainda não tem previsão de estreia no Brasil, mas a Sony deve aproveitar do burburinho gerado por alguma indicação ao Oscar.

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